O Papa Francisco celebrou na quinta-feira, 28 de setembro, a missa na Casa Santa Marta e exortou na homilia a não ter medo de dizer a verdade sobre a nossa vida, tomar consciência de nossos pecados, termos a coragem de nos acusarmos e confessá-los ao Senhor para que nos perdoe.
O Pontífice partiu do Evangelho do dia sobre o comportamento de Herodes em relação alguns que associavam Jesus com João Batista e a Elias, o como um profeta. Herodes não sabia “o que pensar”, mas “sentia dentro” de si alguma coisa, que “não era uma curiosidade”, era “um remorso na alma, no coração” e “procurava ver Jesus para tranquilizar-se.” Mas “Jesus não fez um circo diante dele e foi entregue a Pilatos. E Jesus pagou com a morte.”
Assim, Herodes cobriu “um crime com outro, o remorso da consciência com outro crime, como quem mata por temor. O remorso da consciência não é uma simples recordação, mas uma chaga”.
“Uma chaga -disse o Papa- que quando na vida fizemos alguns males, dói. É uma chaga escondida, não se vê; nem eu a vejo, porque me acostumo a carregá-la e depois se anestesia. Está ali, alguns a tocam, mas a ferida está dentro. Quando esta chaga faz mal, sentimos remorso. Não somente estou consciente de ter feito o mal, mas o sinto, o sinto no coração, no corpo, na alma e na vida. Disto nasce a tentação de cobri-lo, para não mais senti-lo.” E precisou que “É uma graça sentir que a consciência nos acusa, nos diz alguma coisa”.
“Nós devemos -permitam me a palavra- ‘batizar’ a chaga, isto é, dar-lhe um nome. Onde você tem a chaga?
–‘Padre como eu faço para tirá-la fora?’
–‘Antes de tudo reze: Senhor, tenha piedade de mim que sou pecador’. O Senhor escuta a sua oração. Depois examine a sua vida.
–‘Se eu não vejo como e onde está aquela dor, de onde vem, que é um sintoma, como posso fazer?’ –‘Peça a alguém para ajudá-lo a tirar a chaga; que a chaga saia e depois dar-lhe um nome’.
Eu tenho esse remorso de consciência porque eu fiz isso, concreto; concretude. E esta é a verdadeira humildade diante de Deus e Deus se comove diante da concretude”.
“A concretude expressa pelas crianças na confissão”, disse o Papa. Uma concretude de dizer o que fez para que a verdade “venha para fora”. “Assim nos curamos”:
“Aprender a ciência, a sabedoria de acusar a si mesmo. Eu me acuso, sinto a dor da chaga, faço de tudo para saber de onde vem esse sintoma e depois eu me acuso. Não tenha medo dos remorsos da consciência: eles são um sintoma de salvação. Tenha medo de cobri-los, de maquiá-los, dissimulá-los, escondê-los … isto sim, mas ser claro. E assim o Senhor nos cura”.
O sucessor de Pedro concluiu a homilia convidando a fazer uma oração para que o Senhor nos dê a graça de “termos a coragem de nos acusarmos” para caminharmos no caminho do perdão.
Fonte: pt.zenit.org
Foto: VA