Por dom Jaime Pedro Kohl*
O feriado de finados nos faz pensar no destino que nos espera. Não gostamos de falar sobre o fim da vida, mas não podemos fugir dele. Sabemos que um dia deveremos nos apresentar ao nosso Criador e Senhor.
Todos sonhamos com um fim de glória, um fim feliz, um fim que não é um fim, mas o início de uma nova vida, continuidade desta que já vivemos em Cristo Jesus.
Como quer Deus, nós também desejamos que todos cheguem ao conhecimento da verdade e sejam salvos. Sabemos que isso depende das opções que fazemos, porque Deus respeita profundamente a liberdade da pessoa, dando-lhe a possibilidade tanto de acolher, como rejeitar a salvação que lhe chega pela paixão, morte e ressurreição do seu Filho Jesus.
Para alguns, “finados” lembra “morte”, para outros, “vida”. Se pedimos a Deus que dê o descanso eterno aos nossos parentes e amigos falecidos é porque, de alguma forma, acreditamos que estão vivos e podem ser beneficiados por nossa solidariedade.
A morte não pode assustar ou intimidar os cristãos, porque o seu corpo físico não é sua “pátria” definitiva, mas “moradia” temporária que lhe dá abertura para a eternidade.
A “morte” que deve ser por todos temida é a “morte eterna”, aquela que é consequência de uma situação pecaminosa que leva a uma ruptura definitiva com o Criador e Senhor de todas coisas visíveis e invisíveis.
Reparem que a expressão “morte eterna” está entre aspas e não pode ser entendida como morte definitiva, como se fosse simplesmente cair no vazio ou no nada. Jesus exorta a não temer aqueles que podem destruir o corpo, mas Aquele que tem poder de “condenação eterna” ou “castigo eterno”. Como lemos em Mt 25,46: “Estes – os que não foram solidários – irão para o castigo eterno, enquanto que os justos irão para a vida eterna”.
Como reza a liturgia, “a vida não é tirada, mas transformada”. A morte corporal não é o fim de tudo, mas passagem para outra forma de vida, glorificada em Deus ou condenada porque longe Dele. Sim, os finados vivem!
Nossa visita ao cemitério, lembrando nossos parentes e amigos falecidos, deve despertar em nós uma grande gratidão pela vida que recebemos e um desejo sincero de dedicá-la fazendo o bem a todos para um dia nos encontrarmos com eles na glória eterna.
“Vou preparar-vos um lugar, para que onde eu estiver estejais também vós”.
Para refletir:
1. Como gostaríamos de ser recebidos pelo Pai? Quem gostaríamos de encontrar?
2. Como viver para esperar a recompensa da feliz eternidade?
Sugestão de leitura:
Texto bíblico de Mateus 25, 31-46
* Bispo da Diocese de Osório