Para a vivência do Ano Nacional do Laicato, em 2018, instituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, a Diocese de Osório tem promovido espaços de estudos e reflexão sobre o tema.
Na segunda e terça-feira, 14 e 15 de maio, a Diocese realizou a Formação Permanente do Clero, na qual padres e diáconos, juntamente, com o bispo dom Jaime Pedro Kohl, aprofundaram o tema a partir do documento n. 105 da CNBB – Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade. A Formação aconteceu no Balneário Areias Brancas, município de Arroio do Sal, e contou com a presença do Pe. Vitor Galdino Feller, da Arquidiocese de Florianópolis, que assessorou o estudo.
Na noite da última segunda-feira, 14, em um momento especial da Formação do Clero foi oportunizada a participação de leigos/as, no salão paroquial de Xangri-Lá, quando lideranças das pastorais e movimentos, especialmente da região de Xangri-Lá e Capão da Canoa, participaram do estudo que revelou o protagonismo e a missão dos/as leigos/as na Igreja e na sociedade.
Os leigos são os cristãos batizados e que têm como vocação própria, contribuir para o Reino de Deus exercendo funções no mundo, por meio do trabalho, da família, do lazer, sendo “sal da terra e luz do mundo”, como o próprio lema deste Ano do Laicato propõe.
De acordo com o assessor da Formação, Pe. Feller, no encontro com o clero diocesano e com os leigos/as se falou sobre a vida, missão, identidade, dignidade, formação, articulação e espiritualidade dos/as leigos/as na Igreja e no mundo onde estão inseridos, citando três objetivos:
1º objetivo – “A Igreja que ajudar os/as nossos/as leigos/as a se descobrir como sujeitos eclesiais, sujeitos capazes, com liberdade e maturidade, autonomia e responsabilidade. Capazes de fazer acontecer o Reino de Deus na Igreja e no mundo.”;
2º objetivo – “Ajudar os/as leigos/as a redescobrir o protagonismo. Leigos/as como protagonistas dessa nova evangelização. Uma evangelização adulta, moderna, atualizada que terá os leigos/as como os principais responsáveis.”;
3º objetivo – “Mostrar o mundo como lugar da presença e ação dos/as leigos/as. Eles não podem ser homens e mulheres apenas na Igreja. São homens e mulheres da Igreja presentes no mundo. No mundo das políticas públicas, política, economia, ecologia, saúde, cultura, educação e comunicação. Nesses mundos todos, a começar pelo mundo da própria família, fazer acontecer o Reino de Deus. Santificando o mundo. Transformando-o para que seja cada vez mais sinal do Reino definitivo de Deus.”.
O laicato na Diocese
De acordo com o bispo dom Jaime Pedro Kohl, a partir do estudo realizado o que fica muito claro é que a primeira missão do/a leigo/a não é nem na Igreja, mas justamente no mundo, na realidade secular, ali onde ele se encontra, no campo da profissão, no campo da família, no campo da sociedade. “Como Diocese creio que precisamos crescer e muito e daí a necessidade de formarmos leigos/as que possam realmente assumir responsabilidades no mundo também da política, no mundo da comunicação, no mundo da cultura, no âmbito da educação, em todas aquelas instâncias onde se decidem também os destinos do município, do estado, de um povo”, reafirma dom Jaime.
Para o bispo diocesano, a Diocese de Osório tem uma boa participação de leigos/as na Igreja, como por exemplo, o grande envolvimento nos conselhos de pastoral e conselhos econômicos das paróquias, nos conselhos diocesanos de pastoral e econômicos. “Mesmo assim, dentro das comunidades existem carências e queixas que percebi na Visita Pastoral – realizada nas 22 paróquias da Diocese durante o ano de 2017 – a falta de lideranças, a falta de pessoas para assumirem ministérios, serviços, seja no campo da Pastoral da Criança, na Pastoral da Pessoa Idosa, seja dentro das realidades dos conselhos”, explica dom Jaime.
A formação sobre o tema da atuação dos/as leigo/as para o clero é uma importante contribuição para que possam também animar suas comunidades e investir na formação de novas lideranças. “O estudo ajuda os padres a buscar essas lideranças e uma tomada de consciência de que precisamos investir na formação dos/as leigos/as para que também nos serviços e espaços internos da Igreja possam atuar com mais eficácia, com mais alegria, mais esperança e colaborando com o crescimento da comunidade”, conclui o bispo reconhecendo que o Ano Nacional do Laicato vem para a Diocese de Osório como uma decidida valorização dos leigos/as a partir da vocação batismal.
Leigos participantes na Formação
Segundo o leigo Carlos Augusto Pires Andricópolo, da Paróquia São Pedro de Xangri-Lá, que participou da Formação, a reflexão conduzida pelo Pe. Feller foi rica e esclarecedora. “Somos batizados e chamados a basear nossa vida nesta fé cristã como católicos de ação, pois nossa fé requer dinamismo e atitudes. Seja na igreja, na espiritualidade, na formação e catequese. Em nível de mundo, vivência, prática e testemunho dos valores cristãos, evangelizando nos relacionamentos interpessoais e nos mais diversos ambientes com espontaneidade”, conta Carlos citando São Francisco de Assis: “Evangeliza sempre e, se for preciso, use palavras”.
Da mesma forma, a leiga Marlene Barros de Souza (Leca), da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Capão da Canoa, destacou a importância do leigo/a está bem preparado. “Para a Igreja ser missionária, para a comunidade ser missionária precisamos estar preparados. Portanto, achei bem importante esse encontro, tirando muitas dúvidas e fortalecendo ainda mais o que eu já entendia por comunidade. Para que realmente sejamos uma comunidade missionária a gente precisa ter formação”, destacou a leiga.
Também da Paróquia São Pedro de Xangri-Lá, a leiga Raquel Cristina Proença, destacou o quanto o Pe. Feller reforçou a importância do/a leigo/a na Igreja, mas também inserido no dia-a-dia da sociedade. Além de exemplificar citando o/a leigo/a não como parte do modelo de Pirâmide, onde estaria na base da Igreja. Mas como parte no modelo circular, afirmando que a dignidade da fé do/a leigo/a está em igualdade com o clero. “Não devemos nos contentar com o clericalismo, ao mesmo tempo estar atento às necessidades da Igreja. Sermos missionários no mundo. Pe. Feller nos encorajou muito a cerca do ser missionário em nossa casa, no nosso trabalho, sermos cristãos a todo momento, pois nós somos a Igreja”, explica Raquel.
Outro ponto de destaque na Formação com os/as leigos/as foi a recente Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate do Papa Francisco, sobre os desafios de ser santos no mundo atual. A leiga Raquel cita que Pe. Feller motivou para o estudo da Exortação comentando que o Santo Padre dá pistas de como é possível ser santo no mundo de hoje, por exemplo, vivendo o amor que Jesus tanto pediu; ter compaixão do próximo e, o nosso próximo não é só a família, mas sim todas as pessoas que se aproximam de nós ou aquelas que não deixam nos aproximar e, com carinho e persistência, a gente consegue trazer para junto de nós.
O estudo se deu a partir do documento n. 105 da CNBB – Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade que pode ser adquirido por meio das secretarias paroquiais da Diocese.
Colaboração: Pastoral da Comunicação de Xangri-Lá