O Clero da Diocese de Osório, com a presença de leigas/os, dedicou-se a conhecer e aprofundar o tema da “evangelização das juventudes” na edição da sua “Formação Permanente” realizada na última terça-feira, 28, em Osório.
Sob a assessoria do coordenador do Observatório Juventudes PUCRS, Maurício Perondi, o tema, “Juventudes, fenômeno juvenil e evangelização das juventudes” se coloca desafiante para a atuação pastoral, visto que os jovens de hoje vêm se configurando com uma diversidade e novas perspectivas que precisam ser conhecidas e aprofundadas.
O assessor Maurício desenvolveu o tema a partir do pressuposto sociológico que afirma: “Se nós queremos compreender as juventudes, nós precisamos conhecê-las”. “Muitas vezes as realidades pastorais que trabalham com as juventudes têm dificuldades de compreender os jovens. Isso pode se dar porque não conhecemos quais são as realidades juvenis ou por dificuldade de aproximação com os jovens, para saber o que estão fazendo, o que estão pensado e sentindo”, afirmou Maurício, que trata o tema no plural, Juventudes, reconhecendo a existência da diversidade de grupos, características e identidades.
Também o documento 85 da CNBB, “Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais”, é citado referendando o entendimento de que não se pode “nem amar e nem evangelizar o que não se conhece”, desafiando ainda mais àqueles que atuam na evangelização dos jovens.
Participando da formação estava o referencial para o Setor Juventude da Diocese de Osório, Pe. Tiago Gomes, que ressalta a importância da realização do encontro para a atuação junto aos vários grupos de diferentes carismas e perfis na Diocese. “Nós percebemos como é preciso ter conhecimento da realidade sociocultural, na qual o jovem é objeto de estudo teórico e, em um segundo momento, perceber o jovem como construtor de cultura como sujeito”, explica Pe. Tiago.
O articulador do Setor Juventude, o seminarista Adriano Bittencourt, afirma que a realização da formação do Clero, aberta a participação dos/as leigos/as, com tema da juventude foi de uma grande relevância e contribuição para a ação da Igreja na Diocese. “Uma oportunidade de revermos os nossos conceitos sobre as juventudes, a forma como os acompanhamos no trabalho pastoral e, principalmente, a compreensão do fenômeno juvenil”, afirma Adriano.
Temas destacados
Na formação alguns temas ganharam destaque como “a concepção de juventude”, especialmente sobre a visão que se tem sobre os jovens, propondo a superação de uma perspectiva negativa, de achar que os jovens são um problema para a sociedade e pensá-los como sujeitos capazes, de responsabilidades e podem atuar já no presente.
Também foram aprofundadas “as características das culturas juvenis”, os “desafios do mundo digital e as novas tecnologias na evangelização das juventudes”, a “necessidade de aprofundar a formação de lideranças” e a “importância de aprender a viver na diversidade”, quando vivemos tempos de dificuldades em respeitar o outro, respeitar as diferenças, superar os discursos preconceituosos, de ódio e intolerância.
Destaque ainda para o tema da “metodologia para se trabalhar com o jovem”, que possa efetivamente impactar a vida dos jovens, a partir de métodos concretos, ligados à vida do jovem e que, acima de tudo, tenha a participação e protagonismo dos mesmos.
O referencial para o Setor Juventude da Diocese, Pe. Tiago, aponta a importância de conhecer a realidade sociocultural onde atua-se pastoralmente e onde o jovem está inserido. “Nós precisamos não só elaborar uma oratória, mas também uma escutatória. Precisamos escutar mais. Acolher a realidade para então poder agir sobre ela”, conclui Pe Tiago, reconhecendo a necessidade da acolhida da situação juvenil em nossas comunidades.
“A pastoral juvenil não é uma pastoral apenas de transmissão de conhecimentos prontos e elaborados. E sim uma pastoral onde se elabora, se propicia uma experiência e interação com jovem”, complementa afirmando o desafio que é realizar um trabalho pastoral consistente, acima de tudo acolhendo a diversidade, superando preconceitos, toda forma de intolerância, para que possamos formar verdadeiros líderes que se sintam corresponsáveis pela atuação pastoral.
De acordo com o seminarista Adriano, a discussão do tema não se esgota nessa oportunidade de formação, e isso é bastante positivo. “Falar de juventude não é estancar o assunto. Não é esgotar e responder todos os questionamentos. E sim saber que temos muito chão para percorrer e buscar sempre melhor acompanhar nossas juventudes”, acredita o seminarista.
Sínodo dos jovens 2018
A formação também dedicou espaço para tratar sobre a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo papa Francisco para outubro de 2018 e contará com a temática central, “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
O assessor Maurício destacou como está sendo feita a preparação para o Sínodo, por meio da síntese do Instrumentum laboris, que será o ponto de referência para a discussão dos padres sinodais, que foi produzida a partir de uma pesquisa que envolveu mais de 100 mil pessoas em todo mundo, na grande maioria jovens. “A preparação para o Sínodo já nos aponta um caminho de participação, do desejo por uma Igreja mais transparente, mais aberta, que lhes ofereça espaços de participação”, ressaltou Maurício.
Mais informações sobre grupos e pastorais para jovens, contate a secretaria da sua paróquia ou por meio da página do Setor Juventude no Facebook: www.facebook.com/setorjuventudeosorio