Este é o tema da mensagem do papa Francisco para a segunda jornada mundial dos pobres, semana da solidariedade. Trago aqui uma síntese dessa bela e importante reflexão do sumo pontífice:
«Este pobre grita e o Senhor o escuta» (Sal 34, 7). Façamos nossas estas palavras do Salmista, quando nos vemos confrontados com as mais variadas condições de sofrimento e marginalização em que vivem tantos irmãos e irmãs, que nos habituamos a designar com o termo genérico de «pobres».
Hoje, este Salmo permite-nos, rodeados por tantas formas de pobreza, compreender quem são os verdadeiros pobres para os quais somos chamados a dirigir o olhar a fim de escutar o seu grito e reconhecer as suas necessidades.
Nele se diz que o Senhor escuta os pobres que clamam por Ele, de coração dilacerado pela tristeza, solidão e exclusão, n’Ele procuram refúgio. Escuta os que se veem perseguidos em nome duma falsa justiça, oprimidos por políticas indignas deste nome e intimidados pela violência. Contudo, sabem que Deus é o seu Salvador. Ninguém pode sentir-se excluído do amor do Pai.
O Salmo caracteriza a atitude do pobre e a sua relação com Deus, por meio de três verbos: “gritar”, “responder” e “libertar”.
A condição de pobreza não se esgota numa palavra, mas torna-se um grito que atravessa os céus e chega a Deus. Mas, como é possível que este brado que sobe à presença de Deus, não consiga chegar aos nossos ouvidos e nos deixe indiferentes e impassíveis?
O Senhor não só escuta o grito do pobre, mas também responde. A sua resposta é uma intervenção cheia de amor na condição do pobre; é sempre uma intervenção salvadora para cuidar das feridas da alma e do corpo, repor a justiça e ajudar a retomar a vida com dignidade; é um apelo para que toda a pessoa que acredita n’Ele possa fazer o mesmo.
A Jornada Mundial dos Pobres pretende ser uma pequena resposta, dirigida à Igreja inteira dispersa por todo o mundo; uma gota de água no deserto da pobreza; um sinal de solidariedade para quantos passam necessidade.
O pobre da Bíblia vive com a certeza de que Deus intervém em seu favor para lhe devolver dignidade. A pobreza não é procurada, mas criada pelo egoísmo, a soberba, a avidez e a injustiça. A ação libertadora do Senhor é um ato de salvação em prol de quantos Lhe manifestaram a sua aflição e angústia.
Os pobres evangelizam-nos, ajudando-nos a descobrir cada dia a beleza do Evangelho. Neste dia, sintamo-nos todos devedores para com eles.
Para refletir:
1. O grito dos pobres é uma realidade ainda hoje? Como se manifesta? Consigo ouvi-lo? Que resposta quero dar a partir das minhas possibilidades?
2. O que me proponho fazer de concreto para responder ao grito do pobre, assim como Deus costuma fazer?
3. Em que sentido os pobres nos evangelizam?
Textos bíblicos: Mt 14, 13-21; Mc 10, 46-52 e Sl 34