Para o sentir popular, Epifania lembra os “Ternos de Reis”. Hoje, não se dá mais muita importância a isso, está quase desaparecendo. Quem de nós, com mais de cinquenta, não lembra os cantos dos “ternos de reis” que chegavam na noite do dia 6 de janeiro cantando e pedindo para abrir a porta? Entravam, cantavam, recebiam qualquer coisa e passavam para a casa vizinha. O clima era de festa alegre e tranquila.
Liturgicamente, Epifania significa manifestação, ou seja, mostrar, revelar, tirar o véu, descobrir, trazer à luz.
Mas, manifestar o que? Quem? E como?
O autor da carta aos Hebreus inicia sua reflexão dizendo: “muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nesses dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (1, 1-2).
A alusão ao mistério da Encarnação é claríssima. Portanto, o sujeito a ser mostrado é o Menino Deus, o Verbo da vida, o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. Isto provoca a verdadeira alegria porque a vida se manifestou, ‘nós a vimos e damos testemunho’ diz São João.
Deus se deu a conhecer pelo seu nascimento (Natal) na manifestação dos reis magos, no seu batismo e nas bodas de Caná. Mas toda a vida de Jesus é manifestação da sua identidade e missão, especialmente a sua Ressurreição. Infelizmente, poucos o perceberam num primeiro momento, por que se apresentou com o rosto de um frágil menino. Quem podia imaginar que fosse Deus? Somente os mais atentos, os simples, humildes, pequeninos e puros de coração o reconheceram: os pastores, Simão e Ana, os magos vindos de longe.
O reconhecimento e a adoração prestada ao Menino Jesus pelos reis magos anunciam às pessoas de boa vontade que Deus veio para todos os povos, para toda a humanidade. Veio para dar-nos vida e vida em plenitude.
Epifania é alegria porque Deus não esqueceu do seu povo, mas o visitou de uma forma totalmente nova. O canto do “terno de reis” é um jeito alegre e simples de comunicar folcloricamente essa boa notícia da manifestação do Senhor que vem para salvar e libertar, trazendo a paz.
Convidando o dono da casa para abrir a porta é um modo muito singelo e brincalhão de convidar as pessoas a acolher a boa notícia do nascimento de Jesus, como Messias, Salvador e Príncipe da Paz.
Unamo-nos ao “terno de reis” da corte celeste, louvando o Senhor Deus por mostrar o seu rosto e revelar o seu carinho pela humanidade e derramar como o orvalho da manhã a sua paz que é para todo o povo.
Para Refletir:
1. Tenho alguma recordação dos “ternos de reis”? Teria sentido recuperar esse costume cristão?
2. Qual jeito, hoje, pode ajudar para comunicar a alegria e a paz do Natal?
3. Quais sentimentos e apelos brotam no meu coração ao relembrar os fatos que envolvem o nascimento de Jesus?
Texto bíblico: Is 60, 1-6; Mt 2, 1-12; Jo 2, 1-11.