Ao escolher os 72 discípulos enviados dois a dois para anunciar a proximidade do Reino de Deus por Jesus, que depois de realizada a missão a eles confiada, retornam alegres pelo bem feito, me oferece a ocasião de partilhar com vocês, irmãos e irmãs, minha recente visita à equipe missionária do Regional Sul III em Moçambique.
Esta foi minha sexta visita a este país da África nesses doze anos que me foi dada a responsabilidade de acompanhar esse projeto. No interior, onde nossos missionários trabalham, não se vê muitas mudanças. A precariedade das estradas, das habitações, da alimentação, da saúde e da educação continuam praticamente iguais, o que me provocou a pergunta: até quando vai essa disparidade de condições de vida no nosso mundo?
A única mudança estrutural visível são as antenas da telefonia móvel e a conseqüente quantidade de celulares por mais modestos que sejam, carregados por pequenos painéis solares, pela falta de energia elétrica. Certamente algum benefício trazem, mas é isso o que esse povo precisa? Assim, o contraste entre o moderníssimo e o mais primário é grande. Quanto tempo essa gente, irmãos e irmãs nossos, deverão esperar, por políticas públicas que viabilizem um desenvolvimento legítimo e justo?
A equipe missionária está buscando com os meios e tempo que dispõem manter viva a esperança de dias melhores. O acompanhamento pastoral de duas paróquias somando aproximadamente 150 comunidades é um grande desafio pelas distâncias e situações das estradas e a contínua avaria dos carros.
Muito significativa a atuação das jovens leigas junto às crianças e jovens em duas pequenas atividades educacionais: reforço escolar no turno inverso a escola e pequena biblioteca para as tarefas dos alunos. Ambos os serviços se dão com uma estrutura mínima e com a colaboração dos próprios jovens moçambicanos, muitos deles muçulmanos.
A partilha destes jovens voluntários, por ocasião da despedida da Victoria, muito me impressionou e comoveu. Louvo a Deus pela presença dessas jovens leigas na missão que com, tão pouco, conseguem fazer tanto bem.
Isso que elas fazem lá pode e deveria ser feito por aqui, pois as situações que clamam por solidariedade não são menores nas nossas comunidades da Região. Nós também podemos nos sentir chamados e enviados às nossas ruas e cidades para ser presença amiga e solidária aos pobres e pequeninos de Deus.
Jovens, Jesus precisa de vocês para chegar a todos os povos e nações, alimentando neles o ideal de um desenvolvimento integral, sustentado pelo amor e solidariedade cristã. A colheita é realmente grande e precisa de mais trabalhadores. Cada um é chamado a fazer a sua parte.
Para refletir:
– Como posso ajudar nas iniciativas de missão Ad Gentes do Regional Sul III?
– Consigo perceber que pelo fato de ser batizado sou responsável com o anúncio do Reino?
– Me deixo tocar e questionar pelas situações de necessidade, de perto ou de longe, que clamam por solidariedade? O que me proponho fazer?