Podem parecer duras demais as palavras de Jesus no evangelho deste domingo, quando voltando-se a multidão que o acompanhava disse: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até de sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 26).
Será que se nós começássemos assim a nossa pregação hoje, teria alguém que nos escutaria? Não é demasiadamente drástico Jesus, condicionando seu seguimento ao desapego do que a pessoa tem de mais sagrado e íntimo como os laços familiares?
Não ameniza o seu discurso, mas continua afirmando que: quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás dele não pode ser seu discípulo. E com dois exemplos práticos esclarece que a decisão tem que ser bem consciente e analisada para não sair envergonhado.
O que Jesus quer é chamar atenção para um amor maior, que não decepciona e é o único capaz de preencher plenamente o vazio do coração humano. Ou seja, somente quem relativiza até mesmo as relações mais íntimas pode assumir a sua mesma missão: a doação incondicional até o fim, a cruz que não tem meios-termos e medidas.
Ser cristão é algo exigente, exige sensatez e responsabilidade, pois precisa estar disposto a crescer continuamente a partir do encontro com Jesus. Seguir o Mestre é tentar corresponder, dia a dia, ao seu amor absoluto e infinito com um amor maior.
Trazendo para nossa realidade duas lições deste falar de Jesus: a primeira que é possível ser seguidor sem ser discípulo. É o caso dos que seguem Jesus a distância, sem compromisso, se aproxima quando sentem uma necessidade como batizar um filho, participar de uma missa de sétimo dia, um convite de casamento… A segunda é que o discípulo deve calcular o custo do seguimento, a radicalidade do discipulado, ou seja, o caminho percorrido por Jesus exige rupturas e disposição a enfrentar conflitos e constante reflexão.
O texto coloca a necessidade de refletir e calcular o que se faz da própria vida em modo a estar seguros que o caminho escolhido é o melhor dos caminhos. Se aproximamos o evangelho com fé pura e genuína não tem lugar para superficialidades e a vida desemboca no compromisso radical e sereno com Reino de Deus que Cristo inaugurou e convida a entrar com toda a disposição de alma e de corpo.
Para refletir:
– O que eu acho das exigências de Jesus postas para quem quer segui-lo?
– O jeito que estou vivendo minha relação com Jesus Cristo, posso dizer que é de um autêntico discípulo de Jesus?
– Como meus encontros com Jesus repercutem na minha vida cotidiana, no meu pensar e agir?
Textos Bíblicos: Sab 9, 13-18; Lc 14, 25-33; Sl 89(90).