Quem não lembra o canto: “Põe a semente na terra não será em vão, não te preocupe a colheita, plantas para o irmão”?
Lendo e meditando a parábola do semeador, lembrei desse verso que despertou belas recordações e sentimentos de gratidão pela minha caminhada vocacional.
O semeador é sempre uma pessoa de esperança, alguém que acredita no futuro. A atividade de semear é uma ação que exige confiança. É um trabalho cuidadoso, desde o preparar a terra, escolher a semente, lançá-la no tempo certo, regar e esperar que germine, cresça, amadureça até chegar à colheita.
Deus age assim conosco: Ele passa silenciosamente pela nossa vida deixando cair sua Palavra, seus apelos e graças em nossos corações. E como nos encontra?
Alguns distraídos, alienados, sonhando com coisas que nunca vão se realizar. Seriam aqueles que recebem as sementes que caíram ao longo do caminho que os pássaros comeram.
Outros andam entulhados de coisas materiais, apaixonados com o consumismo, continuamente a caça de produtos novos para satisfazer seus desejos. Poderiam ser as sementes que caíram entre espinhos.
Há também aqueles que se deixam comandar pelas novelas, que acham que tudo no mundo é um romance e diante da primeira dificuldade caem no desespero, perdendo-se no vício. Esta seria a semente que caiu em terreno pedregoso, sem profundidade, que ao primeiro sol logo seca.
Graças ao bom Deus, temos outro tipo de pessoas – credito que seja a maioria – gente séria, coerente, autêntica, dedicada a servir os outros, amante da verdade, capaz de lutar por vida digna, por justiça social e bem comum. Este é o terreno bom que produz fruto: 30, 60 ou 100 por um.
Espero não ser demasiadamente otimista. Acredito que a maioria se enquadre neste quarto caso, pois segundo pesquisa do Ibope de 2018, somente 1% dos brasileiros diz não acreditar em Deus. Embora saibamos que é muito maior a porcentagem dos que vivem como se Deus não existisse, nos alegra saber que 99% do povo brasileiro cultiva certa abertura a Deus e sua Palavra.
Para mim, isso é sinal de esperança porque revela que o povo brasileiro tem um coração bom e generoso. E, como a semente – a Palavra de Deus – é sempre boa e eficaz, o encontro dessas duas bondades só pode produzir muitos frutos bons.
Para refletir:
Sendo muito honesto comigo mesmo, em qual tipo de terreno me encontro? Costumo ler, escutar e meditar a Sagrada Escritura, como Palavra de Deus? Que frutos derivam desta prática? É tudo o que teria condições de produzir pelo meu bem e dos meus irmãos?
Textos bíblicos: Is 55, 10-11; Rom 8, 18-23; Mt 13, 1-23; Sl 64(65).