A Voz do Bispo › 16/07/2020

O trigo e o joio

As três parábolas deste final de semana: o trigo e o joio, o grão de mostarda e o fermento nos ajudam a compreender um pouco mais os mistérios do Reino.

À proposta dos trabalhadores de arrancar logo o joio, o sábio dono responde: “Não. Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem também o trigo”.

A pressa de resolver as questões que nos afligem, não é conforme o pensamento de Deus. Isto não significa que não devamos nos preocupar com o mal que nos cerca.

Jesus, mais do que ninguém, sabe o que é bom e o que não é bom. Certa vez ficou indignado com os escribas e fariseus que insinuaram que seus milagres e curas seriam obra de belzebu. A separação do bom e do mau só acontece na hora da colheita, no dia derradeiro. Uma coisa é certa: aos justos é reservada a vida eterna e aos corruptos o castigo eterno.

As parábolas da pequena semente que se torna uma grande árvore capaz abrigar os pássaros do céu e do fermento que faz levedar toda a massa, ilustram simbolicamente o poder transformador da Palavra de Deus.

Ensinam que Deus sabe esperar e não costuma fazer alarido, prefere soluções mais demoradas, mas mais respeitosas e duradouras. Jesus preferiu o caminho da cruz, do grão que precisa morrer para dar frutos. É próprio do Reino de Deus agir no silêncio e transformar o mundo por dentro, como o fermento que não se vê e faz levedar toda a massa.

Do pequeno e insignificante vem a mudança. A menor de todas as sementes se tornará maior de todas as hortaliças. A boa nova do Reino confiada aos pequenos, purificará o mundo de suas obras mortas.

Saber esperar, ser paciente, não é concordar com o mal, mas vencê-lo com o bem. Como lê-se no Pequeno Príncipe: “Ser paciente é investir naquilo que é invisível aos olhos, mas essencial ao coração”.

A paciência de Deus desafia a eficiência dos homens. É Ele quem faz crescer e espera pacientemente pela colheita. A paciência é sempre melhor que a precipitação; a não-violência que a violência; o amor que o ódio; a compaixão que a vingança.

Sim, o bom e o mau crescem juntos, mas somente os justos brilharão na glória do Pai. Na prova final se revela quem é quem, a consistência e a inconsistência, quem construiu sobre a rocha (na verdade) e quem sobre a areia (na mentira).

 

Para refletir: O que me diz esse jeito de falar de Jesus? Geralmente, aprecio as coisas pequenas e simples? Que mensagens ficam para mim desses textos do Evangelho? Quando sou trigo e quando joio? Reconheço em mim a presença do bem e do mal? O que me deixa feliz e realizado?

 

Textos Bíblicos: Sab 12,13.16-19; Rom 8,26-27; Mt 13, 24-43; Sl 85(86).

 

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