Entrando na Semana Santa, quando fazemos memória da entrada de Jesus em Jerusalém e vivenciamos os últimos momentos da vida do Filho de Deus sobre a Terra, passando pela morte de Cruz e abrindo-se um novo horizonte cheio de esperança pela sua ressurreição, fica no ar a mensagem que algo novo aconteceu e, com isso, o início a uma nova humanidade. Uma humanidade reconciliada entre si e com o Pai em Cristo Jesus. Cristo nossa paz: “do que estava dividido fez uma unidade” animada pelo Espírito Santo derramado nos corações que confessam a fé, assumindo o Batismo.
Como muito bem atesta o número 137 do texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021: “O Espírito Santo anima e vivifica as comunidades. É Ele que nos movimenta para realizar gestos concretos em favor da paz que já temos em Cristo. É o Espírito Santo que abre nossos olhos, mentes e corações para que percebamos o sentido da afirmação da Carta aos Efésios que diz: ‘Assim, não sois mais estrangeiros nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da família de Deus’ (2,19). Essa nova humanidade que floresce sob o mesmo Espírito fez com que ‘fostes integrados na construção que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra mestra’ (2,20ª). ‘É nele que toda a construção se ajusta e se eleva para formar um templo santo no Senhor’ (2,21).”.
As comunidades cristãs são chamadas a serem espaços que geram esperança e possibilitam sonhar, exercitar e concretizar a Boa-Nova de que podemos ser protagonistas de histórias sem discriminações, preconceitos e violências. Uma comunidade viva e coerente com o Evangelho esforça-se para experimentar essa nova realidade revelada em Cristo, ou seja, sem relações de injustiça, de poder opressor, de desigualdade, abuso e orgulho (cf. 139).
A partir da amorosidade e da paz somos livres para incluir, ser solidários, praticar o diálogo, respeitar todas as tradições de fé, viver em horizontalidade, sermos justos nas relações econômicas (cf, 140). Muitos muros têm sido derrubados a partir da fé em Jesus Cristo e pontes de diálogo e aproximação têm sido construídas (cf. 142).
Acreditamos que seguindo por esse caminho do seguimento de Jesus, iluminados pela Palavra e deixando-nos conduzir pelo Espírito Santo, uma nova humanidade é possível. E nós que confessamos a fé cristã, fortalecendo a unidade na diversidade, temos a missão de promover essa nova humanidade. Nossa participação na coleta da solidariedade pode ser uma primeira manifestação da nossa vontade de engajamento nessa missão no mundo.
Para refletir: Faz sentido essa reflexão sobre a nova humanidade? Vejo como um caminho possível de ser percorrido ou mera utopia? Do que vai depender? Qual poderia ser minha colaboração para que essa proposta possa se concretizar?
Textos bíblicos: Is 50, 4-7; Fil 2,6-11; Mc 11, 1-10; Sl 21(22).