A Palavra de Deus que meditamos neste final de semana é um alerta de Deus sobre o risco que correm as pessoas que depositam toda a sua confiança nos bens materiais e não dão um sentido transcendente à sua vida. Aquilo que pode parecer sucesso e condição de felicidade e realização plena, num instante pode desaparecer. Muitas pessoas vivem iludidas, perseguindo ideais fúteis e irrisórios. A ganância cega e mata a sensibilidade humana, escraviza de tal forma que a pessoa não se dá conta da provisoriedade e vulnerabilidade a que está exposta.
O livro dos Eclesiastes adverte: “Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade!” e lembra que o homem acumulador não pode levar nada deste mundo e deixa tudo a alguém que em nada colaborou. Encontramos o mesmo conteúdo e questão na resposta de Jesus ao homem que pediu sua ajuda na repartição dos bens com seu irmão: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.
Isso nos faz pensar e perguntar: se Jesus viesse hoje na maioria dos ambientes e famílias em geral será que não faria a mesma advertência? Bem possível porque já se passar mais de dois mil anos e parece que ainda não entendemos a mensagem. O sistema de vida que predomina está marcado pela mentalidade consumista, do acumulo, do descarte… Mesmo que não o digamos com todas as letras, são demais as pessoas que valorizam o ser humano em função dos bens que possui.
Graças ao bom Deus crescem, não só entre os cristãos, iniciativas que trazem a marca da partilha e da solidariedade, sinal claro que as pessoas estão tomando consciência que a importância da pessoa provem do ser criado a imagem e semelhança de Deus, porque somos todos filhos do mesmo Pai, portadores da mesma dignidade e consequentemente a solidariedade deve nos caracterizar.
Como conclui a parábola de Jesus sobre aquele homem que todo faceiro estava com os celeiros cheios e dizia para si mesmo: agora sim posso viver tranquilo, descansar, comer, beber, gozar a vida, mas Deus lhe diz: “‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará aquilo que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.
Para mim fica claro que o único caminho de salvação para os ricos não são as rezas, mas a partilha, a caridade e a solidariedade; a justiça e o direito; o temor de Deus que faz com que usem de seus bens para proporcionar emprego digno, educação e desenvolvimento e pão para quem tem fome. Independentemente da quantidade de bens que temos, não deixemos a ganância que mata tomar conta do nosso coração e cultivemos a solidariedade que salva, único jeito para sermos ricos diante de Deus.
Para refletir: Olhando minha vida e confrontando com as mensagens da Palavra de Deus, como me encontro? Onde está minha riqueza? Como é minha relação com as coisas? Sou desapegado dos bens ou apegado? Sou uma pessoa solidária?
Textos Bíblicos: Ecls 1,2; 2,21-23; Lc 12, 13-21; Sl 89(90).