A Voz do Bispo › 04/08/2023

“Ser padre, hoje!”

O mês de agosto é dedicado às vocações. Nesta primeira semana, vamos refletir e rezar pelas vocações sacerdotais. O Batismo introduz a pessoa no caminho do seguimento de Jesus, fazendo dela um discípulo missionário e membro da comunidade cristã.

Ao longo desse caminho, alguns cristãos podem sentir, por pura graça, o chamado de Deus para uma consagração total de suas vidas em serviço específico à Igreja, em função de sua missão no mundo. Isso se manifesta nos ministérios ordenados, como o diaconato, o presbiterato e o episcopado. Portanto, ser padre não se resume apenas a desejar, mas requer um novo chamado e um profundo discernimento, que é alcançado por meio de muita oração, escuta da Palavra de Deus e acompanhamento espiritual sistemático, visando descobrir a vontade de Deus.

Devemos reconhecer que, nos dias atuais, trilhar o caminho do sacerdócio não é fácil para os jovens, embora não seja impossível. Deus continua a chamar jovens normais, pessoas comprometidas com os valores evangélicos. A resposta a esse chamado é pessoal e exige grande liberdade interior e determinação.

Infelizmente, muitos não conseguem compreender a grandeza e a beleza desse dom precioso. Isso frequentemente acontece devido a uma visão míope, excessivamente materialista e utilitarista da vida. Há uma limitação na compreensão dos valores que acompanham o ideal da vocação sacerdotal. Apesar de haver uma notável quantidade de orações pelas vocações, pouco incentivo é direcionado aos jovens de nossas famílias para abraçar o sacerdócio ministerial.

O serviço que um padre presta é nobre e sagrado, porém exigente e desafiador. Esse serviço surge e amadurece na comunidade de fé, florescendo com a perspectiva do Reino de Deus e do compromisso missionário. Como nos ensina Aparecida: “O discípulo é alguém apaixonado por Cristo, reconhecendo-o como o Mestre que guia e acompanha” (277).

Quando alguém assume o sacerdócio e suas responsabilidades de maneira consciente, com uma visão teológica e espiritual adequada, conforme o projeto divino e o ensinamento da Igreja, essa pessoa experimenta uma profunda alegria: a alegria de servir a Deus nos irmãos.

Se um padre se esforça para viver bem e fielmente sua missão junto à comunidade, e se essa comunidade acolhe seu ministério de bom grado, então surge um vínculo de amizade espiritual de imenso valor.

Assim como seres humanos, os padres são suscetíveis a fraquezas e fragilidades humanas. Contudo, se forem sinceros e dedicados na vivência desse ministério, eles se tornam uma referência crucial para a comunidade cristã, não devido a méritos pessoais, mas pela graça derramada em seus corações durante a Ordenação Sacerdotal.

Padres como São João Maria Vianney (padroeiro dos párocos), São João Calábria (pai dos pobres) e muitos outros, apesar de suas limitações humanas e intelectuais, prestaram um grande serviço à Igreja e deixaram um legado inestimável de iniciativas de transformação social.

A todos, especialmente aos jovens dispostos a ouvir o chamado de Deus, digo que embora não seja uma jornada fácil, ela é recompensadora e vale a pena. Não tenho arrependimentos por ter dito “SIM” ao chamado de Deus. Se pudesse voltar atrás, faria tudo novamente.

Jesus prometeu aos que respondem ao Seu chamado cem vezes mais nesta vida e a vida eterna. Jovem, não tenha medo! Ele confia em você!

Para reflexão: Como é o meu relacionamento com o padre da minha paróquia? Sou capaz de dialogar com ele? Valorizo o serviço que ele presta? Ele é alguém importante para mim e para minha família? O que posso fazer para ajudar a criar uma cultura vocacional?

 

Textos bíblicos: Lucas 7,9-10.13-14; 2 Pedro 1,16-19; Mateus 17,1-9; Salmo 96 (97).