A Voz do Bispo › 20/09/2024

As divergências políticas na família

Todos sabemos como a polarização se estabeleceu em vários níveis e âmbitos da sociedade, especialmente no campo político, suscitando até mesmo no ambiente familiar um movimento de ódio, violência e rupturas. Quem não passou por isso ou não conhece fatos desse tipo?

O fenômeno da polarização não escolhe classe social, opção religiosa ou nível cultural. Ele atinge qualquer pessoa, em qualquer lugar e situação socioeconômica, provocando sentimentos como a raiva não gerenciada, que leva ao desejo de punição para com aqueles com quem se tem divergências políticas.

Nesse contexto, as famílias foram os núcleos mais afetados, a ponto de filhos deixarem de conversar com seus pais, irmãos romperem suas relações e almoços de domingo deixarem de ocorrer devido ao conflito provocado pela polarização. Como e o que fazer para não deixar que posições políticas diferentes quebrem nossas relações familiares e sociais?

Antes de tudo, é necessário colocar a unidade e o amor ao próximo na nossa convivência e admitir que podemos ter pensamentos diferentes, não somente no aspecto político, mas também social, esportivo e até religioso. Devemos partir do princípio de que o outro é meu irmão, minha irmã. Somos todos irmãos. A unidade deve nos levar a buscar o que nos une e a superar o que nos separa.

É na cisão política que devemos compreender o desafio do amor evangélico que “tudo sofre, tudo suporta, não maltrata, não procura seus próprios interesses”. Nessa diferença entre as pessoas está a riqueza da relação. Como podemos fomentar o espírito de divisão entre nós e os outros?

É importante haver consenso sobre conceitos como fraternidade, promoção integral do ser humano, combate às desigualdades sociais, luta contra a exclusão e o preconceito, e a prevalência do amor ético que “não se alegra com a injustiça”. Diante dos rompimentos que possam ter ocorrido no passado, é sempre tempo de reatar as boas relações. Nas divergências presentes, não deixemos que elas estraguem nossa convivência familiar e social.