Voltei recentemente de Moçambique, onde visitei a equipe missionária do Regional Sul 3 da CNBB, que acabou de se renovar. Testemunhei a chegada do Pe. Henrique e do leigo Benedito (Bene), que demonstraram disposição para colaborar nos projetos em curso. A chegada das quatro irmãs da congregação do Amor Divino é uma bênção para o povo, que não para de expressar gratidão.
É profundamente edificante interagir com essa comunidade simples e repleta de fé, disposta a caminhar longas distâncias para participar das celebrações oferecidas pela equipe missionária algumas vezes ao ano. Devido ao curto período da minha visita, pude presidir apenas três celebrações eucarísticas, realizadas nas duas sedes paroquiais e em Jagoma, uma região quase paroquial.
Não é possível não se emocionar com a alegria das crianças, a esperança dos mais velhos, as danças que acompanham os cantos animados e a generosidade na oferta de produtos da terra compartilhados com simplicidade. A pobreza das pessoas revela uma riqueza muitas vezes imperceptível: a simplicidade no olhar e nos gestos. Há muitos sinais que nos ensinam a ser mais humildes e livres. O leigo Bene, recém-chegado, expressou sua sensibilidade ao dizer: “Como não se emocionar?” Deixo a vocês a tarefa de imaginar outras belezas características desse contexto simples e modesto, que não está isento de desafios.
Por outro lado, há também a dureza da vida diária da população, que enfrenta insegurança alimentar, habitações precárias, falta de água potável e estradas quase intransitáveis, deficiências na educação formal, ausência de programas de saúde básica, além de problemas de corrupção e manipulação política. Todas essas situações revelam a dureza da vida tanto do povo quanto dos missionários, mas não diminuem a beleza da missão. Nesse contexto, a pressa não é uma opção. É necessário ter muita paciência e persistência nas pequenas ações. Devemos fazer o que podemos com os recursos limitados disponíveis. Trata-se de semear esperança, confiando na crença de que o bem contagia e transforma. A missão sempre vale a pena!