Nesta terceira semana, após termos refletido sobre a importância de líderes religiosos devotados e pais presentes, direcionamos nossa atenção para os consagrados e consagradas. É possível que nem todos compartilhem dessa perspectiva, o que é perfeitamente válido. É minha convicção pessoal que a Vida Consagrada, seja masculina ou feminina, carrega uma beleza encantadora que apenas almas simples e puras podem compreender. Essa beleza não deriva de padrões estéticos da moda ou do mercado, mas brota internamente, do coração daqueles que buscam com radicalidade a conexão com Deus e seu amor.
Através dos votos públicos de pobreza, castidade e obediência ao longo da vida, juntamente com o compromisso de compartilhar tudo em comum, emerge uma condição inefável no ser humano, uma beleza que escapa à descrição, somente perceptível aos olhos puros e atentos, contemplativos e abertos à verdade mais profunda e aos valores intrínsecos do Reino de Deus.
A vida de um jovem ou uma jovem dedicada ao serviço dos irmãos (vida religiosa ativa) e/ou à adoração de Deus (vida religiosa contemplativa, como a vida monástica e enclausurada) não é destinada a todos, mas representa uma imensa graça para aqueles que se sentem chamados a abraçar esse seguimento radical de Jesus. Essa escolha de vida, tanto para a família quanto para a comunidade de origem, é uma bênção, e para aqueles que são beneficiados por esse serviço, é uma fonte de graças. A riqueza dessa vocação só pode ser compreendida dentro da lógica da fé e do amor mais genuíno que se possa conceber.
Em contraste com a mentalidade utilitarista e consumista do mundo, esse modo de vida pode parecer covarde e insensato. O “mundo” muitas vezes não acredita na viabilidade ou na relevância disso, e muito menos que essa escolha possa trazer felicidade e realização pessoal.
Uma noção distorcida de liberdade frequentemente leva pais e familiares a verem a Vida Consagrada como limitadora dos direitos e da liberdade individual. No entanto, a verdade é que ela é uma fonte de liberdade verdadeira: uma liberdade interior, desprendimento de tudo e de todos – característica daqueles que renunciaram a tudo e não têm mais nada a perder. Por isso, eles podem estar nas periferias, nas fronteiras e nos desertos, proclamando o Evangelho do Reino de Deus, onde ninguém mais vai.
Devemos admitir que as vocações, especialmente as femininas, estão diminuindo. No entanto, isso não se deve à falta de chamado divino, mas sim à carência de uma cultura vocacional que promova a escuta da voz de Deus e a educação em valores espirituais e religiosos.
Para os jovens de hoje, que foram moldados por concepções equivocadas, optar por uma vida de completa dedicação pode ser um desafio. Ainda assim, sua generosidade não é menor do que a dos jovens de gerações passadas. Sua reação ao chamado “Eu não sou louco!” é compreensível. Ao refletirmos, eles têm razão. Deixar para trás as comodidades e os benefícios que o mundo oferece para se dedicar gratuitamente ao serviço dos outros e à oração não é uma escolha simples. É uma jornada para aqueles que são verdadeiramente chamados e que compreenderam o significado e o valor de uma vida consagrada.
O consagrado pertence inteiramente a Deus, alguém que foi admitido à intimidade pessoal, permitindo ser transformado internamente e reservado para uma missão especial. Nos dias atuais, precisamos de indivíduos que aceitem a aventura de um amor imensurável, apostando tudo em Deus e em seu Reino. Sim, a vida consagrada é verdadeiramente bela!