A leitura do Livro da Sabedoria fala ‘dela’ de modo muito bonito, provocando o desejo de possuí-la. Fala ‘dela’ como se fala de alguém, de uma pessoa. Vale a pena transcrever: ‘A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta’.
Quem não fica lisonjeado ao conhecê-la e encontrá-la? Creio que não seja difícil perceber que o autor sagrado a identifica com o próprio Deus, fonte de toda sabedoria. Sim, Deus se antecipa, se dá a conhecer aos que o procuram de coração sincero. Vem espontaneamente invocá-la como fazemos na Liturgia: ‘Dai-me, Senhor, a vossa sabedoria para que esteja junto a mim no meu trabalho’. Todos precisamos desta sabedoria, para termos discernimento em meio ao emaranhado de coisas a dar conta no nosso cotidiano.
Quem por ela madruga, ou seja, quem a procura pela oração humilde e sincera, não se cansará, pois a encontrará sentada à porta. Em que sentido ‘não se cansará’? O desgaste físico é inevitável em qualquer trabalho que façamos, mas a alegria e a boa disposição permanecem em quem caminha guiado pela luz divina. Bela a expressão: ‘a encontrará sentada à porta’. Pensar que toda manhã o Senhor desperta o nosso ouvido e nos atende, para sair à nossa frente, caminhando conosco e nos sustentando com seu amor misericordioso.
A imagem das virgens prudentes e imprudentes que esperam pela chegada do noivo e entrar para a festa de casamento ressalta dois aspectos importantes: a responsabilidade pessoal e a necessidade de entreajuda que deve acontecer ao longo do caminho. O estar preparado para a chegada do noivo não se improvisa, é resultado das boas obras de uma vida vivida com sabedoria, acolhendo o próximo, perdoando e praticando a solidariedade. A comunidade cristã deve viver neste mundo esperando vigilante o retorno do Senhor para assim gozar do seu convívio eterno.