No domingo passado o Evangelho nos levou a refletir sobre a justa relação que somos chamados a ter com os bens materiais e sua importância na vida das pessoas. Dizíamos que quando o dinheiro se torna a razão de viver das pessoas, elas se tornam escravas e a ganância de ter sempre mais cega a tal ponto, que os irmãos e irmãs são ignorados e Deus esquecido. Por isso Jesus foi categórico: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Portanto, se impõe uma escolha ou uma eleição que vai determinar tudo na nossa vida.
Assim que a mensagem central consiste em definir o foco, o centro orientador da nossa vida. Se escolhemos servir o Senhor e nossa opção fundamental é o seguimento de Cristo, a nossa vida, ao natural, vai ser pautada pelos valores evangélicos. Nunca poderá ser o dinheiro nossa razão de ser. O apego aos bens temporais pode colocar em xeque mate toda a nossa vida. O bom uso deles pode garantir um futuro promissor. Como dizia um santo da patrística, o melhor cofre onde esconder o nosso tesouro é nas mãos dos pobres.
Com a parábola do homem rico e do pobre Lázaro, Jesus nos ajuda a entender o risco que correm aqueles que se apegam as riquezas, vivendo luxuosamente e ignorando as situações de pobreza que clamam por solidariedade. Na perspectiva do Evangelho, sempre que os bens materiais são utilizados somente em benefício próprio cegam as pessoas e as tornam insensíveis aos clamores dos mais necessitados. Esse é um grande pecado que aumenta sempre mais a distância entre ricos sempre mais ricos e pobres sempre mais pobres (os Lázaros da vida).
Aparentemente, tudo normal, mas quando se trata do horizonte escatológico as coisas mudam radicalmente. Quando os bens que são destinados a todos são apropriados indevidamente podem se tornar causa de condenação eterna, ou seja, numa condição irreversível de angústia e infelicidade permanente. Por isso, o homem rico da parábola, devido ao seu fechamento egoísta e insensibilidade total com os Lázaros da vida, acaba excluído para sempre da vida plena e Lázaro acolhido por Deus no seio de Abrão, na glória dos santos/justos, na vida plena.
A vida plena se define aqui e alcançam-na somente aqueles que praticam a justiça, partilham seus bens com os irmãos e confiam no Senhor. Alguém pode questionar: quem me garante que vai ser assim? Respondemos: as Sagradas Escrituras, Moises e os Profetas, a Palavra de Jesus… Ele falou e disse… É do sábio escutar os bons conselhos e pô-los em prática.
Para refletir: Eu acredito na Palavra de Jesus? Alimento dentro de mim um desejo de vida plena? Penso alguma vez sobre como pode ser minha vida ao acabarem os meus dias? O que pode mudar na vida da pessoa acreditar na vida eterna?
Textos bíblicos: Am 6,1-7; 1Tm 6,11-16; Lc 16, 19-31; Sl 145(146).