A Voz do Bispo › 15/03/2019

Junto à cruz, há esperança

A figura do transpassado ressuscitado é o símbolo que colocamos na porta de nossas casas e que acompanha nossas celebrações e encontros de grupo durante a quaresma preparando-nos para a Páscoa, trazendo aos pés a inscrição: “junto à cruz, há esperança”.

Quaresma é tempo de contemplar o crucificado, procurando desvendar e compreender o mistério que carrega e a vida que revela. Essa foi a principal forma de oração de muitos santos. São Francisco foi um deles, São João da Cruz, São João Calábria e muitos outros.

Os cânticos do Servo de Javé que encontramos em Isaias, provavelmente foram a leitura preferida de Jesus, que o ajudaram a entender sua missão no mundo. Isaias 53, 1-6 revela que: “Com os seus ferimentos veio a cura para nós”. Dos sofrimentos do Filho de Deus chega a nós a remissão dos pecados, a nossa salvação.

Os sofrimentos decorrentes do desprezo e do abandono de todos, das rebeldias dos pecados que transpassam, esmagam e oprimem. O Servo do Senhor assumiu essa missão como um “cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante do tosquiador: ele ficou calado, sem abrir a boca”. Isso remete a Jesus que foi levado ao Calvário, seguiu calado até morte de Cruz.

Todos os anos, a igreja do Brasil, durante a quaresma, convida os cristãos e as pessoas de boa vontade, para refletirem e assumirem uma causa social comum, através da Campanha da Fraternidade. Neste ano tem como tema: “Fraternidade e Políticas Públicas” e como lema: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27).

O texto base no número 12 revela qual a intenção da Campanha: “A participação dos cristãos na sociedade possibilita fortalecer a vida social nas suas relações. Construir uma fraternidade, cuidar do bem comum e fortalecer a cidadania, expressar a força transformadora do Evangelho no cotidiano das comunidades. A política é essencialmente o cuidado para com o que é comum e realizar ações que ajudem na integração de todos na sociedade. Políticas Públicas como ações comuns, públicas, pertencentes a todos. É tarefa de todo cristão participar na elaboração e concretização de ações que visem melhorar a vida de todas as pessoas. Fazer obras de misericórdia!”.

Perceberam a ênfase a ser dada a “todos”: integração de todos na sociedade; ações pertencentes a todos; é tarefa de todo cristão; visem melhorar a vida de todas as pessoas. Essa consciência da necessidade de participação de todos e visando o bem de todos é uma das grandes lições que aprendemos do Crucificado e sinal de Esperança. Esperança que nasce do amor misericordioso de Deus!

 

Para refletir:

1. Como eu costumo enfrentar os sofrimentos e desafios na busca do bem comum?

2. Como entender a palavra de Jesus: “Quem quiser seguir-me, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”?

3. Como entender que a minha cura é resultado das feridas de Jesus?

 

Textos bíblicos: Is 53, 1-6; Lc 9, 22-25; Lc 9, 28-36; Sl 26 (27).

 

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