A Voz do Bispo › 12/05/2023

Não se perturbe o vosso coração

Essa expressão consoladora “não se perturbe o vosso coração” abre o capítulo 14 do Evangelho de São João. Uma conversa de despedida entre Jesus e seus discípulos. Por sua vez está dentro de um contexto maior que é a celebração da Páscoa Judaica (última ceia de Jesus com os seus) na qual aparece o gesto paradigmático do lava-pés. Assim Jesus vai dando aqueles sinais que devem preparar os discípulos à compreensão do seu mistério de amor, como também ir aprendendo a viver sem sua presença física.

Na primeira parte (14, 1-14) fala da fé que os discípulos são chamados a ter em Jesus e em Deus. Diz claramente que vai preparar um lugar, mas que deve voltar e um dia estarão com Ele. Que Ele é o caminho, a verdade e a vida. Meio chateado com Filipe deixa claro que: “quem o vê, vê o Pai”. Que Ele e o Pai são uma coisa só e pede que acreditem nele, ao menos a partir das obras que ele está realizando, pois estas são sinais que falam por si, e que, já deveriam ter compreendido e acreditado.

Na segunda parte (14,15-21) nos dá um belo ensinamento sobre o amor e promete o Espirito Santo que os assistirá os discípulos quando da sua ausência física: “Se me amais, observareis os meus mandamentos e rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre”.

Agora, o critério para pertencer ao grupo de Jesus muda. Não basta ter sido chamado, precisa amar. Já tinha anunciado anteriormente: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (13,35). Amar a Jesus, amar a Deus e amar os irmãos. Os três amores vão sempre juntos. Quem não ama, não observa as palavras de Jesus e não pode ser seu discípulo.

Se amar é a condição para ser discípulo de Jesus, ciente da fragilidade e limitação humana, ele se antecipa prometendo o Espírito Santo. O Pai enviará o Paráclito, que guiará a comunidade dos discípulos após a sua partida. A comunidade que ama, observa o mandamento do amor e Jesus estará presente de outra forma: por ação do Espirito Santo que a habita.

Jesus sente-se profundamente unido ao Pai e nos transmite essa mesma comunhão: “Quem me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e me manifestarei a ele”. E logo acrescenta: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. Quem não me ama não guardará minhas palavras”.

E para nossa consolação, conclui com uma palavra de encorajamento e esperança: “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou… Não se perturbe e nem se intimide o vosso coração”. Coragem, não tenhamos medo! Ele caminha conosco!

 

Para refletir: Não é tudo isso muito lindo e contagiante? Não mechem essas palavras de Jesus com o nosso sentimento? Não fazem arder nosso coração? O que mais precisamos ouvir para crer Nele e responder a esse AMOR, com amor?

Textos bíblicos: At 8,5-8.14-17; 1Pd 3,15-18; Jo 14, 15-21; Sl 65(66).