Durante o tempo pascal, a liturgia católica nos traz abundantes testemunhos da ressurreição e seu reflexo na vida dos que creem. Mesmo permanecendo algo misterioso e nem sempre fácil de explicar, para nós cristãos é um fato a ressurreição.
É Ele, o crucificado, que aparece aos seus discípulos com os sinais das mãos e dos pés chagados. E, como custassem a crer, tamanha era a novidade – estão como fora de si – que pede algo para comer. Dão a ele um peixe assado que comeu diante deles. Entenderam que era ele mesmo: Jesus, agora glorificado.
Baseado na história e na Escritura, Schelier – protestante convertido ao catolicismo – demonstra que “a Igreja primitiva não falou da ressurreição de Jesus Cristo com distanciamento e de modo descompromissado, mas com emoção e num ato de profissão de fé”. E ele argumenta tratar-se de um fato incontestável, embora conserve seu caráter de mistério.
Segundo ele, os textos neotestamentários entendem a Ressurreição como um evento, um acontecimento histórico concreto. A Ressurreição não veio da pregação, mas sim a pregação partiu do fato da Ressurreição. E da sua Ressurreição deriva a conclusão lógica de que Ele é o Senhor, como se lê no discurso de São Pedro aos judeus: “De fato, Deus ressuscitou este mesmo Jesus, e disso todos nós somos testemunhas…
Portanto, que todo o povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes” (At 2, 32-36). Não foi fácil para os discípulos acreditar na ressurreição de Jesus e pode não ser fácil para o homem de hoje, que para tudo quer demonstração científica.
Mas contra os fatos não há argumento. Mesmo que ninguém seja obrigado a acreditar na Ressurreição, sugiro uma leitura atenta dos textos bíblicos neste tempo pascal e docilidade de alma para experimentar a alegria e o encantamento do amor misericordioso de Deus manifestado no crucificado que ressuscitou ao terceiro dia como havia anunciado.