A Voz do Bispo › 22/11/2024

O Reinado de Jesus

Neste domingo, último do Ano Litúrgico, celebramos a Festa de Cristo, Rei do Universo. Ao colocar essa celebração na conclusão do ano litúrgico, a Igreja busca mostrar como tudo converge para a glorificação daqueles que procuram o Reino de Deus e cumprem a sua santa vontade.

Essa não é uma celebração triunfalista, nem possui um sentido político, social ou econômico, como frequentemente observado nos governos monárquicos. A realeza de Jesus não se caracteriza por imposição, força ou controle, mas por serviço, amor, misericórdia e compaixão.

Sabemos que Jesus não recorreu ao poder quando provocado pelos judeus, mas, ao ser implorado pelo malfeitor – “Lembra-te de mim quando estiveres no teu Reino” –, garantiu: “Hoje mesmo você estará comigo no paraíso”. Portanto, trata-se de um reinado muito diferente do que é meramente humano.

Pela morte na cruz, Jesus adentra a posse do Reino preparado pelo Pai. O Reino de Cristo tem início no momento de máxima exigência de doação, na hora da cruz. Na visão de Lucas, é nesse instante que ocorre a reconciliação da humanidade com o Pai.

Quando questionado se era rei, Jesus jamais negou. Contudo, para os atentos, não era difícil compreender que seu Reino não era deste mundo. Jesus é um Rei-Servo, que veio “para servir e não para ser servido”, para doar sua vida “em resgate por muitos” e para que “todos tenham vida e a tenham em abundância”.

Que reinado é esse que tem como trono uma cruz e como coroa uma de espinhos? O reinado de Jesus é formado por verdade e vida, santidade e graça, justiça, amor e paz. Os preferidos desse reinado são os desprestigiados, excluídos e marginalizados da sociedade.

Outro aspecto interessante da realeza de Jesus é que ela já está presente, mas ainda não plenamente manifesta e realizada. Tanto é que o próprio Jesus, na oração do Pai-Nosso, nos ensinou a pedir: “Venha o teu Reino”. É um Reino iniciado por Ele e em constante construção.

No Sermão da Montanha, Jesus conclui sua mensagem exortando: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado” (Mt 6,33). Trata-se, portanto, de algo a ser buscado continuamente, com uma atitude de fé e abandono em Deus. Certos de que, ao nos esforçarmos por viver em conformidade com a vontade do Pai, nada nos faltará daquilo que é essencial.