No mês de junho, temos as tradicionais festas juninas. Ao menos originalmente, elas existem para comemorar, sobretudo, três santos de grande importância, exemplos para nós e cuja memória se celebra neste mês: Santo Antônio, dia 13, São João Batista, dia 24 e, São Pedro, dia 29. Infelizmente, como muitas outras festas religiosas, as festas juninas são também um pouco desvirtuadas, ficando-se nos acessórios e se esquecendo do principal.
Dia 13 foi o dia do grande herói da fé, Santo Antônio de Pádua, pelas disputas que teve contra os hereges. Ele nasceu em Lisboa, chamava-se Fernando, foi cônego da Ordem da Cruz e entrou, pelo desejo do martírio, na Ordem Franciscana, tomando o nome de Antônio.
Foi grande pregador, recebendo os apelidos de “Doutor Evangélico” e “martelo dos hereges”, terminando a sua vida em Pádua, na Itália. É o santo dos milagres, tal a quantidade de fatos extraordinários e sobrenaturais que acompanhavam a sua pregação. São muitos os sinais que manifestam sua santidade e poder de intercessão. Sua língua está miraculosamente conservada no Santuário a ele dedicado em Pádua, há mais de 700 anos.
Ainda esses dias chegou a ser noticiado na mídia o fato da família pobre que teve a casa de madeira totalmente destruída pelo fogo, menos a imagem dele em papel de calendário que estava pendurado na parede. Isso aconteceu no dia 13 junho, dia do Santo. A mãe, muito devota de Santo Antônio e o filho portador de deficiência puderam ser resgatados sem nenhum ferimento. Como explicar?
Alguém descrente poderia reagir questionando “por que então não evitou o incêndio se é tão milagroso?” No direito de fazê-lo, mas que tem ali algo que a ciência humana não consegue explicar tem. Provavelmente esse sinal é providencial e convite a fé para muitas outras pessoas para além da própria família em causa. Até mesmo para nós que nos dignamos ler esta mensagem.
Dia 29 celebraremos São Pedro e São Paulo. São Pedro foi apóstolo de Jesus, por ele escolhido para chefe do colégio apostólico e da sociedade hierárquica visível que ele fundaria, simbolizado isso pela entrega das chaves do Reino dos Céus. Pescador do mar da Galileia foi por Jesus transformado em pescador de homens. Após ter chorado o seu pecado de negação do Mestre, foi por ele consagrado seu vigário aqui na terra. São Pedro fundou a Igreja de Roma, da qual foi o primeiro bispo. Seu sucessor é o Papa.
A Igreja o celebra junto com São Paulo, Apóstolos das gentes, que passou de perseguidor a anunciador incansável do mistério da redenção realizada em Jesus Cristo. Seu testemunho, inclusive com o martírio, subido em Roma, é de uma importância e incidência determinante para a propagação da fé na Igreja nascente e o estabelecimento da sua sede em Roma. O poder das Chaves e o poder da Palavra se completam e iluminam reciprocamente.
São João Batista foi o precursor de Jesus, aquele que o apresentou ao povo de Israel. Filho de Zacarias e Santa Isabel, foi santificado ainda no seio materno quando da visita de Nossa Senhora, já grávida do Menino Jesus. Por isso a Igreja festeja no dia 24, o seu nascimento, ao contrário de todos os outros santos, dos quais só comemora a morte.
Desde criança, retirou-se para o deserto para fazer penitência e se preparar para sua futura missão. Ministrava ao povo o batismo de penitência, ao qual Jesus também acorreu, por humildade. São João Batista era o homem da verdade, sem acepção de pessoas. Por isso admoestava o Rei Herodes contra o seu pecado de infidelidade conjugal e incesto, o que atraiu a ira da amante do rei, Herodíades, que instigou o rei a metê-lo no cárcere.
No dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou na frente dos convivas, o que levou o rei, meio embriagado, a prometer-lhe como prêmio qualquer coisa que pedisse. A filha perguntou a mãe, que não perdeu a oportunidade de vingar-se. Fez a filha pedir ao rei a cabeça de João Batista. João foi decapitado na prisão, merecendo o elogio de Jesus, por ser um homem firme e não uma cana agitada pelo vento: “Entre os nascidos de mulher não apareceu ninguém igual a João Batista”.
Tivemos, também, na semana passada a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, outra festa muito querida e valorizada pela piedade popular, que nos lembra o grande amor que Deus tem por toda a humanidade. Do lado aberto de Jesus, deixado pela lança, brota uma fonte perene de graças a quem acredita e à Ele se confia.
Realmente, o mês de junho oferece muitos motivos para festejar e nos alegrar junto com nossas comunidades que os têm como padroeiros e intercessores.
Deixemo-nos provocar pelo exemplo de suas vidas e chamar-nos a viver sempre mais íntima e perfeitamente o seguimento de Jesus, o Filho muito amado, enviado pelo Pai, para a nossa salvação.
Santos juninos, rogai a Deus por nós!
Doce coração do meu Jesus, fazei que vos ame cada vez mais!
Doce coração de Maria, sede nossa salvação!
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório