Continuando nossa reflexão sobre a Pastoral do Dízimo, seu sentido e importância para a vida das comunidades cristãs, vejamos suas implicações no ser Igreja hoje.
Partindo de um versículo do profeta Jeremias, da liturgia deste final de semana: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho miúdo da minha pastagem” (23,1), e a conclusão do Evangelho: “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque eram como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34), percebemos uma indicação importante para nós que nos dizemos discípulos e missionários de Jesus: o cuidado que todos devemos ter com as pessoas, especialmente com os mais pobres e necessitados (o rebanho miúdo).
Graças ao bom Deus, estamos devagar entendendo que dízimo não é campanha de arrecadação, mas um modo concreto de cuidar das pessoas sem distinção de raça, condição social, gênero ou qualquer outra particularidade. Para cuidar do rebanho miúdo – os pobres de nossas comunidades, os aflitos e desanimados, os desorientados e perdidos – precisamos de pessoas preparadas, catequistas atualizados, padres bem formados e de bens materiais para formar agentes e socorrer os desamparados.
Se formos compassivos e sensíveis como Jesus – que, embora tivesse o propósito de retirar-se para descansar um pouco com seus discípulos recém regressados da missão – seremos capazes de compaixão e partilharemos o nosso dízimo para que nossas comunidades tenham condições e recursos para socorrer as pessoas em suas necessidades de forma organizada com as pastorais sociais e o serviço da caridade.
Como afirma Dom Edson: “Temos que trabalhar para entender a ‘cultura da caridade’ feita com o dízimo paroquial. Para quem tem fé, a ajuda, o dízimo, a esmola não têm somente a dimensão material: é uma atitude, um gesto espiritual, que envolve o exercício do desapego por parte de quem dá”.
Há uma riqueza de aspectos presentes na pastoral do dízimo: um gesto espiritual, um exercício de desapego, uma forma de cuidar das pessoas…