A Voz do Bispo › 21/06/2024

Será que Jesus estava dormindo?

Na semana passada lembramos Santo Antônio e nesta São Luís e São João Batista. Dia 29 é a vez de São Pedro e São Paulo. Devoções populares trazidas pelos católicos europeus que aqui migraram. O exemplo de vida, o testemunho de fé, a abnegação na caridade e a fidelidade ao Evangelho são características comuns desses irmãos que viveram heroicamente os valores cristãos.

Os santos são pessoas normais que encarnaram o Evangelho e, ainda hoje, podem nos aproximar de Deus. São intercessores seguros porque deram sinais de seu poder diante de situações inusitadas e humanamente insolúveis. Em função das condições criadas pelas enchentes, por um sentido de solidariedade com desabrigados, os muitos que perderam tudo, as comunidades acabaram optando por se deter mais na parte espiritual e, se tiveram a social, destinaram parte do arrecadado aos atingidos.

Essa “rica e profunda religiosidade popular” é uma maneira legítima de viver a fé, de sentir-se Igreja, uma forma de ser missionários nas situações concretas do cotidiano das nossas comunidades.

O Evangelho deste domingo nos apresenta a tempestade acalmada por Jesus num momento em que os discípulos se sentiram ameaçados pelo vento impetuoso. Ele os repreende pelo medo e falta de fé, mas os socorre.

Diante das enchentes que assolaram nosso Rio Grande, muita gente vem reclamando que Jesus parece estar dormindo e que Deus estaria castigando nosso Estado pela falta de fé. Alguns se perguntam: por que Deus permite tanto sofrimento e dor se é nosso Pai? Será que Jesus estava dormindo ou nós não fomos acordá-Lo?

Justamente aqui os santos conseguem ler nas entrelinhas da história e perceber, mesmo em algo tão sofrido, não um castigo, mas um convite de Deus, um chamado a valorizar o essencial, a voltar para Ele, a cuidar da criação, a construir relações mais humanas, uma produção sustentável, uma economia menos pautada pelo lucro e mais pelo bem comum e pela justiça social.

Diante de tanto sofrimento e dor, não nos deixemos abater pelo medo, mas, olhando a fé dos santos, não só os juninos, encontremos força para avançarmos juntos no Caminho.