A Voz do Bispo › 07/07/2023

Vinde a mim!

O convite que Jesus nos faz neste Domingo é de uma ternura e simpatia impressionantes: “Vinde a mim, todos vós, que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso”.

A doçura deste convite “vinde a mim, vós que estais cansados e fatigados” mexe com qualquer um que tem um pouco de sensibilidade espiritual.

Quem de nós não passa por algum momento de cansaço e fadiga? Nesse corre-corre doido todos sentimos necessidade de paz e descanso, do afago de alguém que alivie nossos ombros do peso cotidiano, que entre no nosso interior para refazer nossas energias e criar unidade de vida.

Jesus tem esse poder restaurador e renovador porque goza da participação da vida do Pai. Por isso ele promete sem demagogia e sem arrogância: “vinde a mim e eu vos aliviarei”.

É bom reparar que esse convite é uma oração de louvor que Jesus dirige ao Pai: “eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes essas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado”.

Mas quais são essas coisas escondidas aos inteligentes e reveladas ao simples? Certamente é o Reino de Deus que Ele, o Filho amado, veio revelar. Quem acolhe Jesus acolhe o seu Reino e dele passa a participar gozando dos seus frutos: alegria, paz e justiça. Convêm lembrar que quando os fariseus perguntaram quando chegaria o Reino de Deus Ele respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente”

Em que sentido esconde essas coisas aos sábios e entendidos e as revela aos pequeninos? Claro que Jesus veio para todos. Mas o fato é que num primeiro momento os grandes, os sábios e conhecedores da Lei não acolheram Jesus e sua mensagem. Somente os pequeninos, os simples, os que estavam à margem da sociedade e da religião colocaram nele sua esperança.

Jesus não é contra a sabedoria humana e ao uso da inteligência. Pelo contrário, basta lembrar a parábola dos talentos. É quase assustadora a cobrança ao homem que enterrou seu talento: “Servo mau e preguiçoso…” O que Jesus quer dizer é que a erudição e o conhecimento não servem para o Reino se não são colocados a serviço.

É bonito perceber como as características do Reino e os que dele participam se encontram. Justamente porque o Reino de Deus não é ostensivo, espalhafatoso, mas humilde, pequeno, escondido e quem o acolhe é o simples, o pequeno, o de coração puro, o humilde, aquele que está livre de preconceitos, o amante da verdade e da vida.

“O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda a criatura” (Sl 144). Deixemo-nos envolver carinhosamente por esse abraço terno de Deus. Acolhamos o convite de Jesus: “Vinde a mim, vos todos que estais cansados e fatigados que eu vos darei descanso”. Façamo-nos pequenos com os pequenos para podermos gozar do privilégio de estar na oração e no coração de Jesus.

 

Para refletir: Percebem com que fineza e intimidade Jesus se dirige ao Pai? Percebem a confiança e a proximidade? Notam como estamos na oração de Jesus quando nos assumimos com nossa realidade de criaturas e filhos de Deus? Costumo criar algum momento para deixar-me consolar e confortar por Jesus?

Textos Bíblicos: Zc 9,9-10; Rom 8,9.11-13; Mt 11,25-30; Sl 144(145).