Encontro em preparação ao 4° Congresso Missionário Nacional (4º CMN) reúne, na cidade de Caxias do Sul, mais de 100 lideranças na missão.
Com o tema “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”, o Regional Sul 3 da CNBB realiza, neste final de semana, dias 28 a 30, o seu 1º Congresso Missionário do Regional. O evento reúne no Centro de Pastoral da diocese de Caxias do Sul, representantes de organismos missionários, bispos, padres, religiosos(as), leigos(as) e seminaristas de todas as dioceses do Rio Grande do Sul.
Dom Jaime Pedro Kohl, bispo de Osório e referencial para a missão no Regional Sul 3, destacou a importância do encontro que visa a preparação da Igreja gaúcha ao 4° Congresso Missionário Nacional (4º CMN) a ser realizado no mês de setembro em Recife (PE) e o 5° Congresso Missionário Americano (CAM 5) que acontecerá em 2018 na Bolívia.
A programação abriu com um momento de oração e acolhida dos cerca de 100 participantes que em seguida refletiram sobre “Missão e cooperação missionária” conforme o Documento de Estudo 108 da CNBB. O tema foi apresentado por dom Esmeraldo Barreto de Farias, bispo auxiliar de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB.
Segundo o assessor, o cristão vai para a missão para se inserir, se inculturar, e não para fazer uma experiência de Igreja local. Para isso, são necessárias atitudes de serviço e participação na transformação da sociedade pelo bem dos pobres, diálogo com as culturas, anúncio do Evangelho e testemunho de comunhão eclesial. Dom Esmeraldo recordou o papa Paulo VI, que em sua Encíclica Evangelii Nuntiandi: “evangelizar não é para quem quer que seja um ato individual e isolado, mas profundamente eclesial” (EN, 60).
“A missão nasce da Santíssima Trindade. Deus é amor. Ele partilha gratuitamente o seu Amor. O Evangelho nos diz: Deus Pai ama de tal modo o mundo que envia o seu Filho não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Jesus Cristo é o missionário do Pai. Ele veio para anunciar e iniciar o Reino de Deus. Envia o Espírito Santo para guiar a vida da Igreja. Ele é o protagonista da missão”, destacou o bispo.
A partir do encontro pessoal com Cristo, o cristão descobre a sua vocação missionária, em saída, pois Deus saiu por primeiro. “Missão é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo e cumprir esta missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã”, sublinhou dom Esmeraldo. A nova evangelização se dá em três âmbitos: a pastoral ordinária junto aos cristãos atuantes; a evangelização junto aos batizados que se afastaram da Igreja; e a missão aos que nunca ouviram falar de Cristo ou que sempre o recusaram e a outros povos e culturas.
Neste sentido, recordou o bispo, “existe a cooperação missionária, como é o caso dos projetos das Igrejas-irmãs. Ela tem por base o sentido de que a missão não pode se restringir ao lugar onde estamos ou aos limites da paróquia ou diocese. Para dom Esmeraldo, “a cooperação missionária é formada por compromissos missionários importantes e que precisam estar interligados: animação pastoral voltada à conversão eclesial e ação evangelizadora voltada para o testemunho profético dos cristãos junto à sociedade”.
O primeiro dia de atividades incluiu ainda, a celebração da Eucaristia presidida por dom Alessandro Roffinoni, bispo da diocese anfitriã. À noite houve um rico momento de partilhas missionárias.
Texto-base do 4° Congresso Missionário Nacional
No sábado (29) a programação prosseguiu com a reflexão sobre o tema do Texto-base do 4º Congresso Missionário Nacional “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”, assessorado pelo padre Jaime C. Patias, secretário nacional da Pontifícia União Missionária.
O Texto-base apresentado por padre Jaime traz três eixos de reflexão: a alegria do Evangelho para uma Igreja em saída, a sinodalidade e comunhão e o testemunho e profetismo. “Tem um quarto eixo que é transversal que deve perpassar todo o documento e reflexão missionária, que é a missão ad gente, isto é, aos povos, a missão sem fronteira. Um congresso missionário tem como finalidade recordar sempre a missão da Igreja e provocar para aquela missão mais ousada que é ir aos povos”, frisou padre Patias.
Segundo Patias, o Concílio Vaticano II tratou sobre a sinodalidade, comunhão e participação. Sem comunhão não há participação. Sem caminhar junto enquanto povo de Deus e seus ministérios fica difícil viver o ser Igreja. “Ser igreja é ser povo de Deus que caminha e trabalha junto. A identidade da Igreja é ser colaboradora da missão de Deus no mundo”.
“A profecia e o martírio andam juntos. Existem um profeta do nosso tempo que é dom Helder Câmara. A profecia de dom Helder está viva na dimensão da Igreja para os pobres. Destacamos também a profecia do Papa Francisco que está chamando a Igreja para uma conversão missionária, pastoral”, acenou padre Jaime.
Ainda sobre o martírio, padre Jaime destacou diversos missionários que deram suas vidas no continente africano e também na América Latina. “O martírio é sempre um sinal forte de fidelidade ao Evangelho, mas nem todos nós temos essa vocação. O martírio é dar a vida e a vida a oferecemos todos os dias pelas nossas ações no cotidiano. Uma mãe de família que é abandonada pelo marido com nove filhos e cria todos com sacrifício também é um sinal de martírio, doação da vida”, concluiu.
Congressistas em saída
Após o meio dia os congressistas foram enviados para diversas comunidades em visitas missionárias às famílias de alguns bairros de Caxias do Sul. A motivação para esta ação missionária foi escutar e perceber a presença de Cristo nas pessoas. “Não vamos tanto para falar, levar, evangelizar, mas para escutar e perceber Cristo na vida das pessoas e sua manifestação na realidade de cada comunidade”, explicou padre Camilo Pauletti.
A jovem da diocese de Bagé, Rita De Cássia Patron Bandera, será a próxima leiga missionária a ser enviada para rita colaborar com o Projeto Igreja Solidária mantido pelo Regional Sul 3 da CNBB (Igreja do Rio Grande do Sul), em Moçambique.
Para ela, foi uma alegria participar do 1° Congresso Missinário. “A missão é de Deus e vejo como nós enquanto cooperadores podemos contribuir com o Reino de Deus. Estou com alegria me preparando para janeiro de 2018 somar a equipe de Moma, em Moçambique”, contou.
O terceiro dia (30) foi dedicado para oração e partilha das visitas missionárias às comunidades, apresentação e explicação do novo fôlder, orientações práticas, encaminhamentos, avaliação e celebração de encerramento.
Texto e fotos: padre Jaime Patias e Judinei Vanzeto / CNBB Sul 3