Na segunda parada, o texto base da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 apresenta a iluminação dos fatos. Ao reconhecerem Jesus no partir do pão, preparado com a memória das Escrituras, as disposições dos discípulos são outras. Quando os corações passam a arder em chamas pela Palavra, os pés partem em missão, correm para anunciar a ressurreição de Jesus. E as pessoas que aceitam o Evangelho derrubam o muro de separação e constroem um mundo de comunhão na gratuidade do amor de Deus, que acolhe e perdoa.
As comunidades cristãs que foram se formando a partir do testemunho dos apóstolos eram diferentes entre si, mas partilhavam a crença que Jesus de Nazaré, o Cristo, é o filho de Deus. O apóstolo Paulo várias vezes orientou as primeiras comunidades a viver a unidade na diversidade. Como em Gálatas: “Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, mas sois um em Cristo Jesus” (3, 28).
Não era fácil alcançar esse ideal. Internamente, as comunidades cristãs viviam conflitos causados pela falta de compreensão mutua entre judeu-cristãos e gentios-cristãos que traziam suas culturas e costumes. A Carta à comunidade de Éfeso é uma orientação que aponta caminhos de superação desse dilema que dividia os cristãos. O conteúdo principal da carta é a ênfase na unidade. As afirmações apontam Cristo como cabeça do Corpo que é a comunidade. Vale dizer que Jesus Cristo é o centro da fé e unifica a comunidade apesar das diferenças, pois convoca à experiência do amor que nos une.
A fé em Jesus Cristo é o vínculo que une a comunidade e garante que experimentamos os sinais do Reino de Deus entre nós: o amor, a benevolência, o perdão, a liberdade e a graça. Portanto os cristãos e cristãs não devem esperar nada de espetacular, que não seja o humilde exercício da fé solidária que é o serviço mútuo.
É nesse contexto histórico-social que lemos “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”. Essa frase é uma confissão de que a fé em Jesus Cristo não é motivo para divisões e conflitos. Mas é a inspiração maior para convivência e o diálogo. Em Cristo não há lugar para a violência e o racismo, para o ódio e a discriminação.
A Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano nos convida a entrar nesse espirito de paz, de diálogo, de comunhão, de unidade e sem anular a especificidade das Igrejas, mas ao mesmo tempo sem equiparar tudo, como se tudo fosse a mesma coisa. Somos diferentes e ainda separados, mas não deixamos de sermos irmãos.
Para refletir: Consigo perceber que a diversidade não é um empecilho à unidade? Se assim é, que atitudes devemos tomar diante do diferente? Qual o meio principal para vivermos na unidade e comunhão? Que passos podemos dar para que a fraternidade e o ecumenismo possam crescer na nossa comunidade?
Textos Bíblicos: Ex 20, 1-17; 1Cor 1, 22-25; Jo 2, 13-25; Lc 24, 13-35; Sl 18.