A leitura bíblica deste final de semana faz um elogio à Sabedoria: “ela é resplandecente e sempre viçosa, facilmente contemplada por aqueles que a amam, é encontrada por aqueles que a procuram”.
Será que nós, no nosso dia-a-dia, procuramos a sabedoria e a amamos? Ou achamos que não precisamos Dela? Acreditamos que Ela existe e que pode ser dada e encontrada? O que é ou quem é essa senhora viçosa e resplandecente? Será que tem nome? Como poderíamos chamá-la?
Não precisa de muitos raciocínios para entender que o texto (Sab 6,12-16) se refere à sabedoria de Deus ou mesmo ao próprio Deus.
O texto continua: “Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta”.
Desejar a sabedoria é desejar Deus. A condição para encontrá-la está no próprio desejo de tê-la. Para aos que de alguma forma alimentam dentro de si essa vontade de serem acompanhados pela sabedoria, ela se oferece, se dá gratuitamente, entra na vida da pessoa ao natural e se transforma em bom senso no agir, na intuição diante dos desafios, discernimento nas encruzilhadas da vida, luz nos momentos de trevas…
O papa Francisco na sua mensagem aos doentes a chama de sabedoria do coração. Portanto, não é um conhecimento teórico, abstrato, fruto de raciocínios; mas é «pura, pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia» (Tg 3, 17).
Essa sabedoria não é um acumulo de informações teóricas. Se assim fosse o Google seria mais sábio que qualquer ser humano, mas na verdade é o menos sábio porque ele não pensa, não sente, não tem coração. Ele não tem a mínima condição de amar e ter compaixão.
A sabedoria é uma disposição infundida pelo Espírito Santo na mente e no coração de quem sabe abrir-se aos irmãos e neles reconhece a imagem de Deus. Para nós cristãos é um dos sete dons infusos pelo Espírito Santo por ocasião da Crisma.
Sabedoria tem tudo a ver com a justa compreensão de quem somos, da nossa missão no mundo e como podemos passar por ele tornando-o melhor com nossa participação. Tem tudo a ver com o sentido da vida.
A Sabedoria do coração consiste em reconhecer em cada pessoa um irmão, estar com ele, ir ao seu encontro, ser solidário e respeitá-lo sem pré-julgamentos.
Paradoxalmente, a experiência do sofrimento e da cruz pode tornar-se lugar privilegiado de transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a sabedoria do coração.
“Dai-me Senhor a vossa sabedoria para que esteja junto a mim no meu trabalho!”
Para refletir:
1. Somos suficientemente inteligentes para entender que precisamos da sabedoria e que é conveniente que a peçamos a Deus, fonte de todo bem?
2. Considero-me uma pessoa sábia? Por que?
Sugestão de leitura:
Sab 6, 12-16; 9, 1-11
1Reis 3, 5-15