Embora esse não seja um tema habitual, creio que essa pergunta interessa a muitos. Antes de mais nada, queremos deixar claro que a misericórdia é o principal distintivo de Deus e do cristianismo.
Contudo, o texto do evangelho deste final de semana é muito claro e incisivo quando afirma: “Em verdade vos digo, tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será culpado de um pecado eterno”. São palavras duras e que fazem pensar.
Jesus fala assim quando, voltando para Nazaré, os parentes acham que Ele está fora de si e os Mestres da Lei julgam que expulsa os demônios porque está possuído por Belzebu, o príncipe dos demônios. Dois juízos muito ofensivos contra alguém que busca somente o bem de todas as pessoas que se aproxima e plena lucidez.
Os sinais/milagres que Jesus vinha fazendo revelam que o Reino de Deus chegou. Como atribuir isso ao maligno? Jesus não podia aceitar e calar diante de tal distorção da verdade.
Ele veio justamente para tirar o pecado do mundo e completará sua missão com sua paixão, morte e ressurreição. Dizer que curar doentes, libertar pessoas dos espíritos maus e ressuscitar mortos fosse obra do demônio, era demais. Por isso, é categórico: “tudo será perdoado aos homens, mas o pecado contra o Espírito Santo nunca será perdoado”.
Que pecado é esse? Pelo contexto entendemos que o pecado contra o Espírito Santo é a negação da evidência, ou seja, Jesus realiza sinais de Reino de Deus e os Mestres da Lei dizem que é obra do demônio.
Será que esse pecado continua presente no mundo de hoje? Mais do que imaginamos. Sempre que queremos passar por bem aquilo que é objetivamente mal ou passar por mal aquilo que trás as marcas evidentes do bem, podemos estar incorrendo nesse pecado.
Jesus, “o mais forte”, que veio em socorro da nossa fraqueza, nos redimiu porque veio para salvar a todos. O Pai está disposto a perdoar sempre e todos os pecados, desde que na humildade nos arrependamos. A salvação é oferecida a todos, mas ninguém é obrigado a crer no amor misericordioso de Deus.
Ele faz de tudo para nos abrir o caminho, contudo cabe a nós percorrê-lo. Deus criou o homem livre e respeita a sua liberdade. Deseja integrar-nos entre os seus, a condição que façamos a vontade de Deus: “esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Que Jesus nos livre do pecado do orgulho e da arrogância e nos acolha entre os seus!
Para refletir:
– O que entendo por pecado contra o Espírito Santo? Como ele se manifesta?
– Será que o homem de hoje corre esse perigo? O que Deus espera de cada um de nós, seus filhos e filhas?
– Qual é o caminho que conduz a verdadeira liberdade?
Textos bíblicos: Mc 3, 20-35; Sl 129(130); 2Cor 4, 13-5,1