A quarta semana deste mês de agosto, mês vocacional, a dedicamos aos ministérios e serviços que os leigos assumem nas comunidades. São muitos e quase impossível nomeá-los todos.
Ministérios e serviços que têm origem no Batismo, fonte de todas as vocações. Todos os batizados são chamados a ser sal da terra e luz do mundo, carregados com seu múnus comum de sacerdote, profeta e rei. Muitos são os ministérios e serviços através dos quais podemos expressar nossa vocação de seguidores de Jesus. O batismo nos faz todos discípulos missionários de Jesus, ou seja, seguidores e anunciadores da Boa Nova do Reino de Deus.
A primeira responsabilidade dos batizados é dar testemunho de Jesus Cristo, lá onde vivem. Missão que começa em casa, no grupo familiar, na comunidade e assim contagiar toda a sociedade.
A missão primeira do cristão leigo é no mundo, no século. Com sua vida cristã assumida e alimentada na Palavra e na Eucaristia ele dá sua contribuição na edificação do Reino de Deus, transformando o mundo por dentro.
Seu dever principal não é ser ministro da Eucaristia, catequista ou liturgista, mas ser colaborador com a obra criadora de Deus, gerando e educando na fé aqueles filhos e filhas que Deus, abençoando a fecundidade do amor conjugal, dá ao casal cristão. Portanto, sua primeiríssima ocupação e preocupação é com sua família, Igreja Doméstica.
A família que quer ser verdadeiramente cristã não pode fechar-se sobre si mesma, mas deverá estar aberta a comunidade eclesial e social. Faz parte do ministério do leigo assumir responsabilidades quer no âmbito eclesial como da sociedade civil.
A diferença do sacerdote e dos consagrados e consagradas é que cabe aos leigos assumir responsabilidades no mundo da política, da economia, no comércio, nos meios de comunicação social, etc. É missão do cristão leigo estar lá onde se decidem as políticas públicas de saúde, educação, assistência social e de implementação da produção e sua comercialização.
Os cristãos leigos não só podem, mas devem filiar-se a um partido, a um sindicato ou qualquer outra instituição, se essa for a condição para poder ajudar à sociedade na sua organização para um Estado de Direito. A vocês leigos cabe assumir cargos tanto no poder executivo como legislativo e judiciário em todas as instâncias de governo. Atuando nesses âmbitos animados por princípios cristãos estarão prestando um grande serviço à Igreja e à humanidade.
Essas profissões, funções e serviços, normalmente não são chamados de ministérios, porque não são instituídos, mas não por isso menos importantes. Tudo depende da motivação e disposição como são assumidos. Quem pode negar o bem que pode fazer um médico, um professor, um prefeito, um vereador… quando exerce sua função desprendido de si e verdadeiramente interessado em promover o desenvolvimento e o bem comum da sociedade?
Como nos ensina o Papa Francisco: “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar. Nisto se revela a enfermeira autêntica, o professor autêntico, o político autêntico, aqueles que decidiram no mais íntimo do seu ser estar com os outros e ser para os outros” (EG 273).
Falando dos leigos o Documento de Aparecida diz que “estamos dispostos, com a coragem que o Espírito nos dá, a anunciar Cristo, onde não é aceito, com nossa vida, com nossa ação, com nossa profissão de fé e com sua Palavra” (377). Podemos dizer evangelizar com o que somos, com o que cremos e com o que fazemos.
É assim meu irmão, minha irmã. Deus quer precisar também de vocês – leigos e leigas – tanto dos jovens como dos adultos para a obra da evangelização e da transformação do mundo.
Cabe a vocês leigos e leigas – homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja – serem essa ponte entre a Igreja e a sociedade, fermento na massa, sal que dá sabor a vida do mundo, luz que ilumina a humanidade.
“Na Igreja todos são sujeitos, sendo cada qual investido de missão específica, conforme os dons que recebe. Ser sujeito pode significar o exercício de um ministério ou serviço na Igreja e na sociedade, mas também a vivência da condição cristã nas formas de vida mais rotineiras e até mesmo institucionalmente invisíveis, seja do ponto de vista eclesial, seja do ponto de vista social e político. Ao exercer os papéis de mãe e de pai, de filho ou determinada profissão no mundo do trabalho, cada cristão exerce sua missão na medida em que orienta sua vida a partir da pessoa de Jesus Cristo e do seu Reino” (Doc. 107 da CNBB).
Irmãos leigos e leigas, a Igreja conta com vocês para realizar sua missão no mundo. Deus recompense e abençoe por tudo o que vivem e fazem em nossas comunidades.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório