O Evangelho deste domingo nos apresenta um ensaio de experiência missionária do grupo dos doze. Jesus os chama e envia dois a dois com algumas recomendações. Dá a impressão de uma visita missionária que, às vezes, fazemos em nossas comunidades. No evangelho de Lucas os enviados são 72, mas as orientações do Mestre são bem parecidas.
Depois de um anúncio fracassado entre os seus, chama os doze e os envia à região da Galileia sem dizer bem o que anunciar, mas pelo contexto se deduz que é o mesmo de Mc 1, 15: “O Reino de Deus está próximo, convertei-vos e crede no Evangelho”, pois no versículo 12, diz que “partiram e pregaram que todos se convertessem”.
A iniciativa é de Jesus que convoca, envia e dá umas dicas de como deve ser o jeito de fazer, deixando entender que a forma também é importante e não só o conteúdo, que a pregação sem as obras (testemunho de vida) não produz frutos. Por isso, Jesus dá aos seus enviados o poder sobre os espíritos imundos e de curar os doentes. Isso não por força própria, mas por ação do Espírito Santo que age no missionário que parte e age em nome de Jesus e sua Igreja.
Poucas coisas bastam para o missionário realizar a sua obra, por isso Jesus recomenda: levar somente um cajado pelo caminho; nem pão, nem sacola e nem dinheiro na cintura. Andassem de sandálias e com somente uma túnica. E quando entrassem numa casa ficassem até a conclusão da obra e se não fossem ouvidos e aceitos sacudissem a poeira dos pés. Eles foram, pregaram, expulsaram muitos demônios e curaram numerosos doentes, ungindo-os com óleo.
O interesse da narrativa é demonstrar a dinâmica itinerante do missionário, que deve ter como única preocupação anunciar o Evangelho. Como diz Aparecida: “Ter encontrado o Senhor foi a melhor coisa que aconteceu na vida do cristão e poder torná-lo conhecido é sua maior alegria”.
Certamente o envio e as instruções do Evangelho continuam válidas ainda hoje, porque a primazia da Palavra de Deus e as atitudes que a devem acompanhar são apropriadas para todos os tempos e todas as atividades missionárias.
Hoje, sabemos e acreditamos que a missão é intrínseca ao ser cristão pelo batismo que nos faz discípulos missionários de Jesus. Cada um experimenta, a seu jeito, o chamado de Deus e o envio em missão. Sabemos que não só fazemos missão, mas somos missão.
Como bem expressa Dom Helder Câmara em seu poema: “Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu. É parar de dar voltas ao redor de nós mesmos, como se fossemos o centro do mundo e da vida”. Portanto, saíamos para levar a boa nova do Evangelho de Jesus e o Espírito Santo não nos deixará faltar suas luzes à medida que vamos precisando delas.
Para refletir: Olhando minha vida pessoal, sinto-me um enviado? A quem e a que me sinto chamado e enviado? Estou vivendo minha missão? O que gostaria de aprofundar mais e viver melhor quanto ao meu ser discípulo missionário? Como posso cooperar mais com a evangelização em minha comunidade?
Textos Bíblicos: Am 7, 12-15; Ef 1, 3-14; Mc 6, 7-13; Sl 84(85).