Um dos quatro sinais do capítulo 6 de São João é a multiplicação dos pães. Depois faz um longo discurso sobre o pão da vida. Isto significa que o gesto de Jesus não é um simples milagre, mas um sinal que remete a algo maior, a uma atitude determinante na dinâmica do Reino.
O episódio da partilha do pão aponta para uma triste realidade daquele tempo: a fome que assolava o povo. Infelizmente, essa realidade continua muito presente no mundo e, também, no nosso país.
Jesus, erguendo os olhos, viu a grande multidão faminta e perguntou aos discípulos como alimentá-la. Depois de Felipe contestar que nem duzentas moedas de prata seriam suficientes, André disse: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?”
Depois das pessoas se sentarem, Jesus tomou os pães e os peixes, deu graças e mandou distribuí-los à multidão. Todos ficaram satisfeitos e ainda sobrou.
Reparemos os três aspectos importantes no relato: organizar o povo, partilhar o que há e evitar o desperdício. Queremos receita melhor que essa para resolver o problema da fome no Brasil e no mundo?
É triste ver famílias inteiras ter que migrar, sair de seu país, deixar para trás parentes, amigos e toda uma história, para encarar um futuro incerto na esperança de, ao menos, encontrar comida para saciar sua fome. Pior que estas situações são provocadas e justificadas por ideologias que dizem querer o bem do povo.
No nosso mesmo país vivemos momentos difíceis: desemprego elevado que gera miséria e fome; contenção de recursos para a saúde e educação, provocando deterioração de serviços fundamentais dos mais necessitados; desvio de recursos para fins escusos… E, como falávamos na semana passada, uma desorientação geral sobre os rumos do nosso país, ainda mais diante das eleições que se aproximam.
Quanto tempo vamos demorar para aprender a lição da partilha? Precisamos aprender a nos organizarmos e não desperdiçar a quantidade de recursos naturais que Deus nos deu, mas que devido o egoísmo e individualismo consumista não conseguimos partilhar devidamente.
Mesmo no descrédito atual dos políticos, vislumbramos a solução pelo caminho da política com sua missão de promover o bem comum. A oportunidade de mudança está em nossas mãos pela escolha de lideranças que acreditem na organização do povo, promovam a partilha e redistribuição de renda, evitem o desperdício, especialmente pelo ralo da corrupção.
Com uma justa distribuição dos recursos e oportunidades vai sobrar para partilhar com muitos irmãos que pelo mundo passam fome.
Para refletir:
1. A partir das indicações desta Palavra o que está ao nosso alcance para mudar a situação de fome no país e no mundo?
2. Como posso colaborar na organização do povo, na minha comunidade, cidade e porque não no país?
3. Sou uma pessoa sensível e capaz de partilhar algo com quem passa necessidade?
Textos Bíblicos: 2 Rs 4,42-44; Jo 6, 1-15