Não estamos acostumados a esse conceito e não soa bem ao nosso ouvido, especialmente nesses tempos em que falamos tanto de misericórdia. Evidentemente que a misericórdia deve permanecer o ponto mais importante em nossa reflexão e práxis cristã, porque continuamente nas escrituras esse é distintivo de Deus: Ele é misericordioso e compassivo.
Contudo, o texto do evangelho deste final de semana é muito claro: “Em verdade vos digo, tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será culpado de um pecado eterno”.
Jesus fala assim quando voltando para Nazaré, os parentes acham que Ele está fora de si e os mestres da lei julgam que expulsa os demônios porque é o príncipe dos demônios.
Jesus vinha curando doentes, libertando pessoas de seus males, sinais evidentes do Reino de Deus. Ser chamado de demônio, o capeta em pessoa, deve ter machucado muito o coração do Filho do Homem.
Com sua paixão, morte e ressurreição, Ele destruiu definitivamente o mal e nos associou à sua vitória sobre o pecado e a morte. Ignorar isso constitui pecado contra o Espírito Santo. Claro que essa opção de vida é conhecida somente por Deus que sonda os corações. Trata-se de uma decisão consciente e livre de recusa ao perdão divino.
Jesus, “o mais forte”, que veio em socorro a nossa fraqueza não pode nos perdoar quando o nosso orgulho atribui ao mal a ação libertadora de Jesus. É sem perdão não por causa de Deus, que a todos perdoa, mas por causa de quem se exclui do perdão e da salvação.
O Pai está disposto a perdoar todo pecado. Jesus pede ao Pai perdão aos seus algozes. Caso tenham se aberto ao perdão certamente foram perdoados. Percebem como a salvação depende de Deus, mas ao mesmo tempo depende também de nós.
Ele faz de tudo para nos abrir o caminho, contudo cabe a nós percorrê-lo. Deus criou o homem livre e respeita a sua liberdade. Mas quando é verdadeiramente livre? Não quando faz o que bem quer e entende e, sim, quando faz a vontade do Pai, quando escolhe e percorre o caminho do bem.
É o que diz Jesus no final do evangelho: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Os que estão dispostos a segui-lo até as últimas consequências são os que participam de sua vida divina e salvação gloriosa. Que Jesus nos livre desse pecado!
Para refletir:
1. O que entendo por pecado contra o Espírito Santo e que não tem perdão?
2. Quando a pessoa humana é realmente livre? Sinto-me buscando esse caminho que conduz a verdadeira liberdade?
3. Como conjugar inciativa divina, graça de Deus e resposta da pessoa?
Textos bíblicos: Mc 3, 20-35; Sl 129 (130); 2Cor 4, 13-5,1