A celebração de finados e a festa de todos os santos nos fazem pensar sobre o sentido de nossa vida nesse tempo que passa depressa e sobre o que nos espera quando de nossa passagem para a vida eterna. Todos sonhamos com um fim de glória e feliz, um fim que não é um fim, mas o início de uma vida nova, plenificada em Cristo Jesus.
Para chegar a essa pátria definitiva e plenamente realizada é necessário – segundo o Evangelho – entrar pela porta estreita, porque largo é o caminho que leva à condenação eterna. Segundo Mt 25, o caminho que conduz a vida são as obras de caridade: “tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber…”. E em Mt 5,1-12, o das bem-aventuranças: “Bem-aventurados os pobres em espírito, os aflitos, os mansos, os misericordiosos, os puros de coração, os perseguidos por causa da justiça porque deles é o Reino dos céus”.
Esses dois textos seriam suficientes para percebemos que o caminho da santidade proposto no Evangelho é feito de atitudes, comportamentos, jeitos de pensar muito diferentes do pensamento do mundo e vão na contramão do mesmo. Muitos outros textos sequem essa orientação paradoxal.
Falar da santidade de alguém não é viajar no misticismo, mas numa vida concreta marcada pela heroicidade das virtudes humanas e cristãs, pela aberta à ação da graça de Deus que age na vida dos que nela confiam.
A celebração de todos os santos é a festa da santidade anônima, entendida como dom de Deus e resposta fiel da criatura humana. O mais importante não é ter o reconhecimento dos altares, mas ter marcado a vida de pessoas e colaborado na construção do Reino de Deus.
Gosto dessa definição: “A santidade pode ser comparada a um grande mosaico que reflete a grandeza da única santidade: Deus. Cada santo ou santa é um exemplar único e exclusivo. Não podemos pensar a santidade como um produto em série, que emerge da fantasia; é realizada singularmente pela mão do Artífice divino”.
Muitas vezes, quando falamos dos santos, somos tentados a apresentá-los como pessoas perfeitas, como se fossem um super-homens ou uma super-mulheres. Não! Os santos e santas, tanto de ontem como de hoje, são pessoas normais. Fizeram sua caminhada de vida seguindo os passos de Jesus como nós, com seus limites e qualidades, mas se destacaram pela fé traduzida em obras de bem.
Sua grandeza aparece na sua pequenez, no fato de terem deixado a graça de Deus trabalhar neles. Não é o extraordinário e o grandioso aos olhos do mundo que faz o santo, mas o cotidiano vivido de forma coerente.
Como nos lembra o Vaticano II: “todos somos chamados à santidade”. Todos podemos ser santos, não importa se temos muitas ou poucas qualidades. Cada um vivendo fielmente sua vocação e missão será uma pedrinha importante no precioso mosaico da vida cristã.
Para refletir: Como ressoa em mim esse tema da santidade? Qual conceito tenho de santidade? Tem alguma coisa a ver comigo? De que forma se manifesta na minha vida? Conheço alguma pessoa que onde está exala perfume de santidade? Por que acho que é pessoa santa?
Textos bíblicos: Sb 4, 7-15; 1Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12; Sl 23(24).