Continuando nossas reflexões a partir dos santos populares que estamos festejando – vem aí a natividade de São João Batista – somos conduzidos a perguntar-nos: nós também somos chamados a santidade? Como podemos ser santos? O que significa esse chamado? A que tipo de santidade Deus nos chama? O que devemos fazer para nos santificar?
Para respondermos a estas perguntas e muitas outras que podemos nos fazer, a última Exortação Apostólica do papa Francisco “Gaudete et Exsultate”, nos ajuda a entender. Já no primeiro número o Papa assegura que o Senhor “quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa”. Estas poucas palavras são um indicativo importante: santidade não combina com mediocridade, superficialidade e indecisão.
Geralmente, embora inconscientemente, tendemos a idealizar demasiadamente os santos, esquecemos que eles também passaram por situações e fragilidades semelhantes as nossas, mas souberam deixar-se envolver pelo amor misericordioso de Deus. Paulo lembra que o Senhor escolheu cada um de nós “para sermos santos e íntegros diante dele, no amor” (Ef 1,4). Portanto, o que faz a santidade é o amor.
Depois de dizer que os Santos que já chegaram à presença de Deus, mantêm conosco laços de amor e de comunhão, o Santo Padre fala dos santos “ao pé da porta”: “Não pensemos apenas nos que já estão beatificados ou canonizados. O Espírito Santo derrama a santidade, por toda parte, no santo povo fiel de Deus, porque ‘aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, mas constituindo-o em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente’”.
E prossegue: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus” (7).
Depois explica: “o que quero recordar com esta Exortação é sobretudo a Chamada à santidade que o Senhor faz a cada um de nós, a chamada que dirige também a ti: ‘sede santos porque eu sou santo’… Todos os fiéis, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada qual por seu caminho”(10).
Não esqueçamos que a perfeição do Pai consiste em ser misericordioso e compassivo; que a santidade está mais perto do que imaginamos: ‘ao pé da porta’; e que todos somos chamados a percorrer esse mesmo caminho.
Para refletir:
1. Já parei para pensar que também eu sou chamado a ser santo? O que isso significa para mim? O que me proponho concretamente para trilhar esse caminho?
2. Consigo ver nas pessoas próximas com quem convivo diariamente sinais de santidade?
3. O que posso fazer ou como viver para colaborar com a santificação das pessoas e a transformação para melhor o meu contexto social?
Textos Bíblicos: Ef 1, 3-10; Lc 1, 57-80; 1Pd 1, 13-23.