A Igreja do Brasil dedica o mês de agosto às vocações. Cada semana refletiremos e rezaremos para uma delas. Começamos com a do padre.
O Evangelho que vamos ouvir nas celebrações dominicais neste mês é o capítulo 6 de São João, onde Jesus se apresenta como o “Pão da vida”, enviado pelo Pai que está nos céus. Ao que os discípulos pedem: “Senhor, dai-os sempre desse pão”.
Embora a vocação do padre contemple as três dimensões que são dadas pelo batismo a todo cristão – sacerdote, profeta e rei – pelas quais ele exerce o tríplice múnus de santificar, ensinar e governar, hoje me detenho mais na dimensão sacerdotal.
Sei que quando o padre é compreendido somente sob esse aspecto corre-se o risco de vê-lo simplesmente como um profissional do sagrado, o que empobrece muito sua vocação. As três dimensões – sacerdotal, profética e rei – devem andar juntas.
Pelo sacramento da Ordem o padre estabelece um vínculo profundo com a Igreja Particular – Diocese – que o acolhe. E pela ação da graça de Deus que age por meio dele, embora seus limites e fraquezas humanas, presta um serviço à comunidade de fé importantíssimo: administra os sacramentos.
No exercício desse ministério oferece um auxilio não indiferente no caminho de santificação do povo, possibilitando o acesso a Deus nos principais momentos da vida, do nascimento (batismo) ao declinar da vida (unção).
Evidentemente, que isso só acontece quando assumimos o sacerdócio livremente, com conhecimento de causa, com uma visão teológica e espiritual adequada, segundo o projeto de Deus e o ensinamento da Igreja.
Se o padre se esforça em viver bem e com fidelidade a sua missão junto à comunidade e essa aceita seu ministério, nasce um amor esponsal, um vínculo afetivo e efetivo, uma relação de paternidade e filiação espiritual de grandíssimo valor.
Trago dentro de mim a convicção que se o padre for realmente aquilo que é chamado a ser: “homem de Deus para os homens e homem dos homens para Deus”, ele será uma pessoa feliz e fecunda.
Não estou dizendo com isso que somos perfeitos. Somos pessoas humanas, suscetíveis a fraquezas e fragilidades, mas quando sinceros e esforçados no viver o nosso ministério, nos tornamos para a comunidade cristã uma referência importante.
Lembro que o Sacerdócio e a Eucaristia nasceram juntos na Quinta-feira Santa. É muito mais aquilo que o padre é chamado a dar ao povo, mas não pode se furtar de “dar-lhe sempre deste pão”.
Para refletir:
– As comunidades católicas dos três estados do Sul aderiram a ação evangelizadora: “Cada comunidade uma nova vocação”. Estou participando? Como?
– Se Deus chamasse nosso filho para seguir o caminho do sacerdócio ele contaria com o apoio da nossa família? Nossa família reza nessa intenção?
– Consigo ver no padre, embora seus limites, um dom de Deus para a nossa comunidade?
Textos bíblicos: Jo 6, 25-34; Ef 4, 1-6; 1 Cor 11,23-32.