Por Dom Jaime Pedro Kohl, bispo da Diocese de Osório
Depois da escolha dos primeiros discípulos, na redação de Marcos, Jesus realiza uma série de sinais, curas e milagres que as multidões começam a segui-lo, sedentas de esperança e encantadas com sua mensagem: “falava como quem tem autoridade!”
Entrando na casa de André e Simão, apresentam a situação da sogra doente. Imediatamente segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. A febre a deixou e se colocou a servi-los. De noite curou muitas pessoas e expulsou muitos demônios.
De madrugada vai para um lugar deserto para rezar. Os discípulos o procuram e encontrando-o comunicam que todos O estão procurando. Ao que ele responde: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”.
Jesus fala não só com as palavras que diz, mas com tudo o que faz e do jeito que o faz. Sua sensibilidade e compaixão com todo tipo de precariedade revela o amor do Pai.
Quando todos o procuram, Ele não se presta aos aplausos e glórias humanas, mas os desvia porque não veio para isso e sim para anunciar a Boa Notícia a todos.
Esse: “vamos para outros lugares” é um indicativo muito importante para todos nós que nesse momento da história, a Igreja tomou consciência que precisa sair ao encontro das pessoas, onde quer que se encontrem e, mais que convidar a entrar, precisamos comunicar a alegria de viver e de estar no seguimento de Jesus, o peregrino do Pai, que veio ao nosso encontro para nos trazer a paz.
Se não cuidarmos, com o passar dos anos, a tendência é de se acomodar, achar que já fizemos bastante. Para alguns pensar que encontrou Jesus neste ou naquele movimento e, agora, é só curtir os amigos, fazer umas rezas e reflexões com seu grupinho e tudo está muito bom.
Provavelmente não é o Jesus verdadeiro que encontrou, porque Jesus de Nazaré inquieta os discípulos e os chama para serem pescadores de homens, a ir para outros lugares, junto às pessoas afastadas, esquecidas, que precisam ser reaproximadas para que possam voltar ao redil, à família, à comunidade cristã para receber a força da Graça que só Ele pode dar.
“Vamos a outros lugares…” é a ânsia de Jesus, dos apóstolos, de Paulo, dos santos de ontem e de hoje. Quem ama de verdade não pode ficar parado, porque o amor não tem fronteiras. O mundo todo é de Deus e espera pela luz do Evangelho. Sim, vamos a outros lugares!
Para refletir:
1. Que tipo de cristão eu sou? Comprometido ou acomodado? O que estou fazendo para ajudar as pessoas a encontrar Jesus?
2. Quais são os lugares que eu deveria ir e não estou indo, para viver a dimensão missionária da minha vida cristã?
Sugestão de leitura:
Texto bíblico: Mc 1, 29-39